ZEILTO: 25 ANOS, "UM EXPOENTE DA COMUNICAÇÃO"!




ZEILTO E O CANTOR NILTON CESAR (Foto Arquivo de Francisca Lima (Viúva)  
CLEMILDO BRUNET*
    Acabam-se os nossos anos como um breve pensamento. Porque tudo passa rapidamente, e nós voamos. Palavras do grande Legislador de Israel e libertador do povo de Deus, chamado Moisés. 
    Nossa vida jamais teria sentido, se não tivéssemos na memória o que fomos no passado. Esta possibilidade faz com que possamos reparar os nossos erros de outrora, corrigindo-os; para dar prosseguimento as nossas ações aqui. 
    O Apóstolo dos gentios, Paulo de Tarso declarou: “Que nada trouxemos para este mundo e nada levaremos dele”.
    Nesta coluna vai a nossa homenagem a um expoente da comunicação pombalense, que merece todo nosso apreço, já que este ano, marca o jubileu de prata de sua partida para outra esfera. Há Vinte e cincos Anos que este comunicador, conhecido como o homem dos sete instrumentos, deixou o nosso convívio. 
    Zeilto Trajano de Sousa, nasceu em Pombal no dia 16 de abril de 1944, filho do casal Otacílio e Nely (em memória), tendo como irmãos, Mª do Socorro, Zelita, Francisca Zita, Mª do Carmo e Otacílio Trajano, este último, ainda hoje milita no rádio. Contraiu núpcias com Francisca de Lima Sousa, nascendo dessa união quatro elegantes garotas: Nadja Rejane, Alba, Kátia e Márcia. 
    Começou suas atividades em microfone desde os tempos áureos de Serviço de Alto Falantes, iniciando na Difusora Rádio Maringá de propriedade do Sr. Raimundo Lacerda (Conhecido por Raimundo Sacristão) no começo dos anos sessenta. Exerceu na sua labuta o tipo garoto propaganda, quando dos memoráveis queimas de tecidos das Lojas Paulista, fazia o seu périplo em um carro de som pelas ruas da nossa cidade e aos sábados animava as feiras na porta da loja, conclamando os transeuntes para comprar mais barato. 
    Ainda me lembro de um queima de tecidos com a locução feita por Zeilto, que provocou uma fila enorme de pessoas para as compras. Ele dizia assim: “Quem quer vem, quem não quer manda, não mande ninguém em seu lugar, venha você mesmo comprar”. 
    Tive a oportunidade de me aproximar de Zeilto, quando na Difusora de Raimundo Sacristão em 1962, eu fazia a vez dos que são chamados hoje de operadores de som (sonoplasta). No crepúsculo de uma tarde em que os raios de sol começavam a declinar, Zeilto me pedia para tocar sua música predileta: “Tu Précio” de Bienvenido Grande, e ia para a esquina, entre as ruas Francisco de Assis e João Pessoa, acendendo o cigarro, curtia a melodia que saía do Projetor de som do Mercado Público. 
    Zeilto, fez Programa de Calouros dentro do próprio Studio, onde havia grande ajuntamento de pessoas; eu fui um desses calouros e cantei a música sucesso da época: “Boneca Cobiçada” de Palmeira e Biá, gravada anos depois pelo cantor Antonio Marcos. Nesse tempo, comecei a soltar minha voz ainda infantil no microfone e as pessoas nas ruas indagavam: Quem é a menina que está falando na Difusora Maringá? 
    Em 1966, veio o Serviço de Alto Falantes “A Voz da Cidade” de minha propriedade, tinha acoplado um transmissor de fabricação caseira em ondas curtas na freqüência de três mil e pouco kilociclos. Zeilto veio fazer parte e comandava alguns programas musicais, destaque para “Almoço a Brasileira” e Jornalístico: “O Positivo e o Negativo” além do “Comentário do Dia”, apresentava o Jornal da Emissora. 
    Em 1967, Zeilto adentrava ao Studio da Rádio Alto Piranhas de Cajazeiras e pouco tempo depois já exercia as funções de Diretor. Foi em Cajazeiras que Zeilto veio projetar-se no rádio sertanejo, e conquistou audiência na região com os programas criados por ele: “Discoteca Dinamite” de cunho jornalístico, o mais polêmico da época; o DDD e DDI, que apresentava crônicas em parceria com o médico Júlio Maria Bandeira, chegando a causar “frisson” na Polícia Federal, que especulava o significado dessas letras. “Nosso Encontro com Nelson” aos domingos, até hoje permanece. Este programa ao completar 15 anos, Zeilto teve a proeza de trazer Nelson Gonçalves a Cajazeiras para um show no sábado a noite e o comparecimento ao vivo do cantor, ao Programa no domingo pela manhã para uma entrevista. 
    Nos eventos que se registravam em Pombal, Zeilto trazia a Rádio Alto Piranhas. Ainda me lembro, como fui honrado por ele em uma transmissão da Rádio Alto Piranhas direto do Cine Lux na cobertura da Convenção Municipal do MDB. Na ocasião eu era o locutor do Partido e ele, depois de fazer a conexão com a emissora, virou-se pra mim e entregando-me o microfone disse: Se vire, e foi embora do local. 
    De outra feita numa visita que eu fiz a Rádio Alto Piranhas, Zeilto me entregou uma Carteira funcional nomeando-me repórter correspondente da emissora em Pombal. Anos depois, em 1993, a Rádio Alto Piranhas, agora sob nova direção, contratava os meus serviços profissionais; tamanha foi a minha emoção ao sentir que estava em um meio de comunicação que Zeilto havia exercido suas atividades e ao colocar meus olhos no livro de registro, encontrei a página onde estava a foto dele e seu registro profissional, a emoção bateu mais forte ainda. 
    A Festa do Rosário, tornou-se mais conhecida na região. Todos os anos, Zeilto a acompanhava transmitindo através da Rádio Alto Piranhas a parte religiosa da Festa. Outro evento que a Alto Piranhas se fez presente por intermédio dele, foi a Grande Festa realizada no Pombal Ideal Clube, intitulada: “A Paraíba em uma Noite”. Zeilto, ainda fez cobertura para a Rádio Alto Piranhas da Inauguração da Rodovia Federal BR 427 que liga a nossa cidade ao Rio Grande do Norte, quando da vinda a Pombal do Ministro dos Transportes de Então, Mário Andreazza. 
    Zeilto era conhecido pela sua habilidade nas artes, era músico e como tal, fundou sua própria Orquestra em Cajazeiras, chamada “CHAVERON”; e pela versatilidade que possuía, Zeilto formou mais duas orquestras: a Chavereque e a Oritimbó, isto no decorrer de três anos, animando os Carnavais e matinês dos Clubes de Cajazeiras. Por sinal tocou vários Carnavais na região e uma vez animou um Carnaval no Pombal Ideal Clube. Chegando até compor uma música de Carnaval com o título: “Maroaje”. 
    Amou tanto a terra de Padre Rolim, que criou dois Slogans para enaltecer Cajazeiras: Costumava dizer nos microfones da Rádio Alto Piranhas: “Minha Linda Cajazeiras” e em uma vinheta da emissora: “Rádio Alto Piranhas a única emissora em Cajazeiras que o Nordeste conhece”. 
    Após dezoito anos na Rádio Alto Piranhas, Zeilto foi levar a sua voz para João Pessoa capital do nosso estado, assumindo a direção comercial da Rádio Arapuã e despertava os pessoenses com o seu Programa: “Café da Manhã”. 
    Um dia, no cumprimento de sua missão, Zeilto trilhou a sua última caminhada no rádio, estava cumprindo mais uma jornada de trabalho, sem saber que aquele dia, seria o último de sua carreira. Compareceu ao aeroporto – Castro Pinto em João Pessoa, para fazer a cobertura jornalística da visita do Presidente da República de então, General João Batista de Figueiredo, que veio a Paraíba cumprir agenda de compromissos do Governo Federal para com o nosso Estado. Zeilto com brilhantismo fez o seu trabalho e ao finalizá-lo, de repente, se sentiu cansado, debruçou-se sobre a direção de seu carro e disse: “Está escurecendo”, foram suas últimas palavras. Ficou em coma, acometido de aneurisma cerebral e após alguns dias, veio a falecer no centro de terapia intensiva da casa de saúde São Vicente de Paula em João Pessoa, no dia 25 de agosto de 1982. 
    Seu sepultamento foi realizado no Cemitério Nossa Senhora do Carmo em Pombal com grande acompanhamento, principalmente de seus colegas de Profissão, tanto da Capital, como do interior. A Rádio Maringá, da qual Zeilto, através do convite que lhe fiz, presidiu o Cerimonial de Inauguração, transmitiu para uma rede de emissoras no Estado, a missa de corpo presente na Matriz do Bom Sucesso e acompanhou as homenagens no campo santo, ocasião em que o Radialista e Jornalista Lenilson Guedes, falou em nome dos colegas. 
    Zeilto cumpriu bem a sua missão sendo querido de todos os políticos que foram entrevistados por ele. Esse radialista emudeceu sua voz que arrebatava ouvintes e empolgava multidões. Polêmico, vibrante, versátil, ativo e participante, um polivalente. Expoente da Comunicação!
    Radialista ou Jornalista, vive da história dos outros. E isto me faz lembrar uma canção interpretada por Altemar Dutra, que leva o nome: “EU CANTO A MINHA DOR” composição de Toso Gomes e Antonio Correia, cuja letra diz assim: Eu pego o violão, e canto a dor alheia, Também minha alma anseia e Canto a minha dor, nesta canção. E tão emocional meus olhos rasos d’água, Me faz sentimental, meu coração ficou cheio de mágoa. Abre a janela e vem, ouvir a voz de quem Deu tudo que era seu E nada recebeu, E há de saber por quem a minha voz vagueia, Eu canto a minha dor, não canto a dor alheia. 

     *RADIALISTA 


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