segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Padre Raimundo meu eterno carinho, respeito, admiração e um profundo e sincero amor por esse homem



Biologicamente não temos parentesco. Mas quem foi que disse que somente a partir de afinidades biológicas nasce o carinho, o amor e a gratidão? Este homem é tão meu Pai quanto José Mariano. E jamais será uma certidão de registro de nascimento que comprovará isso. Não se faz necessidade. Meu coração o adotou como Pai; Fui adotado por ele como filho, desde o ano de 1998, quando comecei a cantar nas
Missas celebradas por ele na antiga capela de São José e tantas outras que perdi contas e em inúmeros sítios que fomos; à relação foi acrescido sentimentos de filiação e paternidade. Esse homem mudou minha vida, meus valores, meus jeitos.
Poderia dizer sem medo: Padre Raimundo foi o responsável pelo meu parto espiritual. Suas mãos me geraram, me puxaram do ventre de Deus. Não esqueço que em 2002, quando fui pedir sua ajuda, ele prontificou-se generosamente a pagar as mensalidades dos últimos dois anos do meu curso de licenciatura em filosofia. Se hoje tenho um Curso Superior, é graças a ele. Foi Padre Raimundo quem primeiro derramou sobre mim as águas batismais, me tornando Filho de Deus. 
A ele, meu eterno carinho, respeito, admiração e um profundo e sincero amor por esse homem que me disse sem falar, que Deus existe e se esconde na sacralidade dos gestos humanos.

Damião Fernandes

domingo, 23 de setembro de 2012

Um seresteiro que venceu o tempo!



Vamos identificar quem são os demais na foto com Major Chiquinho (no círculo amarelo) na foto
O boêmio é uma figura que se extinguiu com o fim do bolero, com o enfraquecimento do samba, das conversas descontraídas nos bares, das farras que se estendiam por toda a semana sem preocupação com o tempo, com a violência, com o dinheiro ou com a violência. Havia sempre alguém para pagar a conta ou vender fiado. E o boêmio ia vivendo feliz em sua confraria.
A música de Adelino Moreira melhor interpretada por Nélson Gonçalves resume o valor que a boêmia significava: uma verdadeira instituição.
Toda cidade tinha os seus boêmios, em Cajazeiras um dos mais representativos era o Major Chiquinho a quem faço esta breve homenagem. “Major Chiquinho foi que um seresteiro que soube viver a mocidade soltava sua pela cidade parecendo quando o luar surgia prazenteiro formando imagens lá na minha cidade ela via pela claridade Maria que amor puro e verdadeiro” disse certa vez o poeta Constatino Cartaxo, “vive alegre cantando para os filhos, noras, genros, netos e bisnetos,,,”
Mas Major Chiquinho já são seis anos e você continua o seresteiro que Cajazeiras jamais esqueceu!

Cinco anos sem o Major Chiquinho, o seresteiro que Cajazeiras jamais esqueceu

- Olhe, nós, eu fazia serenata do sábado para o domingo nas noites enluaradas acompanhado de Dimas Sobreira Andreolla e Cícero mucuinho (violonista) .... e houve uma moça  que chorou quando em cantei um samba.(...) Eu gostaria de voltar àquele tempo. Porque a vida só é boa quando a gente vive as primeiras ilusões. 
(Major Chiquinho)
 - “E eu sou cantor. Quer que eu cante uma valsa pro sr. ouvir? Música de Augusto Calheiros (...) Eu comecei a beber com 17 anos. (Major Chiquinho) 
- Naquela época, que eu me entendia como gente, as pessoas só andavam todas completas: chapéu, gravatiha de laço... Hoje, se eu sair na rua daquele jeito o povo pergunta logo: ‘vai votar major Chiquinho? (Major Chiquinho)  
- Dia de domingo ia a orquestra tocar na estação de trem. Aquelas moças... Juarez Távora acabou com a ferrovia, na época da Revolução. Foi um crime. (Major Chiquinho) 
Francisco Assis de Sousa, Major Chiquinho, era assim que gostava de ser chamado, nascido na cidade de São José de Piranhas em março de 1926. Com apenas 15 anos de idade foi vendedor de garrafas em Cajazeiras, logo depois trabalhou com os tios num comércio de estivas e cereais, foi seresteiro, em 1949 casou com a cajazeirense Dona Maria com quem teve 11 filhos, já casado trabalhou nas lendárias Lojas Pernam-bucanas, foi presidente do Clube dos Comerciários, fui secretário do Círculo Operário de Cajazeiras. Em 1953 ingressou na Fazenda Pública da Paraíba, como agente fiscal, exerceu o cargo de coletor nas cidades de Uiraúna, Sousa e Cajazeiras. Foi agraciado com o título de cidadão cajazeirense e uiraunense, sendo reconhecido como um grande amigos das pessoas mais simples aos mais poderosos, para ele não havia distinção.

sábado, 22 de setembro de 2012

Feira livre de Cajazeiras existente há mais de 150 anos


Uma das maiores atrações que Cajazeiras tinha, sempre foi a realização das feiras livres aos sábados. Sabemos que o centro delas era na Praça dos Carros, porque a praça é paralela a várias ruas que fazem extensão da feira. Ruas: Juvêncio Carneiro, Padre Manoel Mariano, Padre José Tomaz, Epifânio Sobreira e saída para a Presidente João Pessoa, entre outras.
 A primeira feira livre realizada em Cajazeiras foi no dia 7 de agosto de 1848. A feira oferecia uma infinidade de produtos artesanais oriundos dos municípios e região do Alto Piranhas. Como Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, cantou em versos a Feira de Caruaru, na feira de Cajazeiras também tinha massa de mandioca, batata assada, ovo cru, banana, laranja e manga, batata doce, queijo e caju, cenoura, jabuticaba, guiné, galinha, pato e peru, bode, carneiro e porco, se duvidar disso até cururu.
Tinha cesto, balaio, corda, tamanco, gréia, boi tatu, fumo, tabaqueiro. Tinha tudo e chifre de boi zebu, caneco, arcoviteiro, peneira, boi, mel de uruçu, carça de arvorada, qué pra matuto não andar nu. Tinha rede, baleeira, móde menino caçar nhandu, maxixe, cebola verde, tomate, coentro, coco e chuchu, armoço feito na hora, pirão mexido que nem angu, mobília de tamborete, feita de tronco de mulungu. Tinha louça, ferro véio, sorvete de raspa que faz jaú, garapa gelada, caldo de cana, pão doce, rapadura...
Enfim, tinha violeiros falando sobre a vida sofrida do sertanejo na linguagem de cordel, emboladores de côco num ritmo de desafios para o parceiro com temas diversos. No vai e vem das pessoas fazendo compras, olhando os produtos, outras passeando, tudo isso era um momento de felicidade para os feirantes, para os compradores e para todos que se dirigiam à feira.
Quando eu morava em Cajazeiras, eu gostava de assistir as mirabolantes enganações de Bigodim, que ficava na Rua da Tamarina, em frente a Casa Norte (José Adelgides), onde ele colocava dinheiro, isso mesmo, dinheiro, enrolado em balinhas de chupar, passando papel de embrulho em cima da balinha e colava no meio de centenas de balinhas com notas de pequeno valor, dentro de um tablado quadrado tamanho de uma mesa. Ele colocava uma ou duas notas de alto valor e mostrava para os espectadores as notas sendo enroladas e jogava no meio das demais. Conclusão: o espectador pagava, digamos em valor de hoje, um real para ver se pegava cem reais e se pegasse, podia levar pra casa. Nunca ví ninguém pegar a balinha onde tava as notas de alto valor. Percebia-se que a maioria dos espectadores eram pessoas simples (pobres), que ficavam na certeza que sairia dalí com uma boa grana. Ô bigodim sabido!
Uma outra atração, era seu Antônio (um velhinho de seus 90 anos de idade aproximadamente), com um microfone sendo apoiado no mini pedestal em volta do pescoço, onde ele lia folhetos de Cordel. Era parecido com o microfone que Silvio Santos usou por muito tempo nos seus shows de calouros do SBT. Ele, como era banguelo, muitas vezes nem sabia o que estava lendo, porque cortava as palavras.
Na Praça do Espinho, os sitiantes (matutos) iam para a feira à cavalo e amarravam os animais embaixo dos pés de castanholas em frente ao Grupo Dom Moisés Coelho. As ruas onde se realizavam as feiras da cidade tinham as budegas, os armazéns, mercadinhos e cerealistas, que depois se transformaram em supermercados.
Me lembro das cerealistas de seu João Moreira, de Luiz Gonzaga, de João Batista, de Edilson Figueiredo, entre outros. O Armazém Rio Piranhas de seu Arcanjo era o local preferido de compras da minha mãe (dona BIA). Minha mãe me chamava e dizia: “vai lá no seu Arcanjo e compra isso, compra aquilo e fala pra ele anotar no caderno, que no final do mês eu vou pagar”.
As budegas eram as de seu Antônio Mãozinha, de Zecão, de seu Juvenal, de Jaime, de Quinco na Rua Dr. Coelho, de seu Mané na esquina da Rua Pedro Américo em frente ao Círculo Operário, de seu Vicente em frente ao Cine Pax, onde em todas elas os matutos iam tomar suas cachaças (pitú e caragueijo), rabo de galo, conhaque... E daí, depois das talagadas, davam as cusparadas no pé do balcão com o boró (cigarro de palha) no canto da boca. Todo pé de balcão de budega tinha um cheiro forte de cachaça, cuspe e cigarro. Écaaa!!!
Eu gostava mesmo era de tomar caldo-de-cana com pão doce na garapeira de Zé Alves, no Mercado. Um detalhe: as abelhas ficavam voando por cima dos pães doce e eu ficava só olhando, e, quando uma pousava no pão, eu falava pra Zé Alves: “eu quero esse pão com abelha”. Hum!!!! era gostoso!
Lá em casa eu era a pessoa incumbida de ir ao açougue e comprar carne. Eu chegava na tarimba de seu Zé Palmeira, no Açougue Municipal, e pedia pra pesar 800 gramas de carne, 800 gramas de toicim, 800 gramas de carne de porco, 800 gramas de banha de porco. Chegando em casa, minha mãe me perguntava: “tudo isso aqui tem um quilo, cada?”, e eu respondia, que sim! Como não tinha balança em casa, ela não me perguntava mais nada. O troco das 800 gramas, que sobrava de cada produto solicitado, eu escondia para assistir cinema e chupar picolé da Sorveteria de seu Walmor. Depois que falei tudo isso pra ela quando chegamos em Brasília, ela me disse: “tu me deve muito dinheiro, seu cabra safado!”
A vida é assim mesmo, cada qual com seu cada qual.
Blog AC2B
Pereira Filho (Mininim)
Brasília DF.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A rica cruz peitoral de D. Móises Coelho

  
Entre as insígnias episcopais, recebeu o futuro Bispo Cajazeiras, D. Moisés Coelho, uma de inestimável valor histórico – rica cruz peitoral, de ouro, com pedras preciosas. Foi presente de Sua Eminência, o Sr. Cardeal Joaquim Arcoverde Cavalcanti de Albuquerque, o qual, na qualidade de aluno do Colégio Padre Rolim, quis homenagear o 1º Bispo de Cajazeiras. Por sua vez, havia o cardeal recebido a mesma cruz, como lembrança do Papa Leão XIII. Hoje, aquela jóia pertence ao patrimônio da Diocese e se encontra com o atual Bispo, D. Zacarias Rolim de Moura, parente de D. Moisés e do Padre Rolim.

Da obra “Perfil Biográfico de Dom Moisés Coelho” do Prof. Cônego Major PM Eurivaldo Caldas Tavares – 1977
pag. 46
D. Moisés no seu trono episcopal

domingo, 9 de setembro de 2012

O maior movimento religioso já visto na cidade de Cajazeiras: o Congresso Eucarístico Diocesano

Entre os dias 11 e 15 de junho de 1939 no século passado, foi realizado o maior movimento religioso já visto na cidade de Cajazeiras: o Congresso Eucarístico Diocesano, o evento catalisou as atenções do mundo religioso brasileiro para a então pequena cidade do Nordeste que tinha como prefeito Celso Matos.
Motivado pelo alto astral reinante o cajazeirense Silvino Bandeira de Melo encomendou ao escultor baiano Pedro Ferreira (clique e saiba quem foi ele) Monumento do Cristo Redentor para ser colocado no ponto mais alto da cidade e inaugurado em 15 de junho de 1939.
Uma das principais praças da cidade foi rebatizada com o nome de Praça do Congresso por ter sido lá realizado a maior parte da programação deste Congresso Eucarístico. Décadas depois sob grandes protestos o prefeito Otacílio Jurema ocuparia parte da praça para construir uma nova sede para a prefeitura municipal.

Boletim de notas de alunos do Colégio Diocesano Padre Rolim, meus contemporâneos!

TURMA DO GINÁSIO DO ANO DE 1966
O tradicional Colégio Diocesano Padre Rolim já definhava, nossa turma só tinha 27 alunos
No meu último ano, a nossa classe só tinha treze alunos. José Assis Pires Braga (irmão do saudoso Pibral) sempre no primeiro lugar