sábado, 29 de junho de 2013

CÍCERO HENRIQUE BRASILEIRO: FILHO DE AURORA, PAI DE BAIXIO.

Nasceu Cícero Henrique Brasileiro no sítio Malhada Funda em Aurora aos 28 de novembro de 1896. Conforme o que consta em seu assento de batismo, registrado pelo Pe. Vicente Pinto Teixeira aos 28 de fevereiro de 1897 no Livro da Paróquia do Menino Deus de Aurora (Livro 1888-1897, pág. 128), era filho legítimo de Joaquim Henrique d'Oliveira e Maria Esperança da Trindade. Foram seus padrinhos, seu tio paterno José Joaquim Brasileiro e sua esposa, Maria Horinda da Conceição.
     Recebeu as primeiras letras com professores particulares em sua terra natal, tendo ido fixar residência em 1921 no povoado de Alagoinha (hoje Ipaumirim), de onde migrou ao povoado de Baixio, em 1923, onde instalou Indústria de algodão.
     Casou-se com Raimunda Lima Brasileiro, com quem teve quatro filhos: Dr. Líbio Lima Brasileiro (Dentista, assassinado em Baixio em virtude de divergências políticas), Hugo Lima Brasileiro, Líbia Lima Brasileiro e Ivone Lima Brasileiro.
     Aos 17 de junho de 1935 toma posse como Prefeito Municipal da Vila do Baixio, por ato de nomeação do Interventor Menezes Pimentel, tendo sido eleito à mesma, nas eleições de março de 1934. Atentemos ao que registra-se no documento de posse:
     "Aos dezessete dias do mês de junho de mil novecentos e trinta e cinco, nesta Vila de Baixio, Estado do Ceará, no Paço da Prefeitura Municipal, onde pelas treze horas se encontravam o cidadão Joaquim Leite Ribeiro, Prefeito anterior, Dr. Genésio Lustosa Cabral, Juiz Municipal, o Cel. João Augusto, Prefeito Municipal de Lavras, diversas pessoas gradas do lugar e o abaixo assinado, secretário da prefeitura, aí compareceu o Coronel Cícero Brasileiro, nomeado Prefeito deste Município por Ato de 29 do mês próximo findo, do Exmo. Sr. Dr. Governador Constitucional do Estado o qual exibiu o seu título de nomeação e tomou posse do cargo. Para constar, eu, Vicente Brasileiro, secretário da prefeitura, lavrei a presente em que assinam o prefeito anterior, o empossado e demais presentes".
     Em 26 de novembro de 1937 foi novamente nomeado Prefeito de Baixio, permanecendo até 7 de abril de 1938. Aos 22 de maio seguinte, foi lavrado o título de sua nomeação para provimento do cargo de tabelião do termo de Baixio. Posteriormente, em 9 de janeiro de 1946, foi nomeado Tabelião Único do termo de Baixio, comarca de Icó. Elegeu-se Prefeito de Baixo para o período de 1959-1963, e vice-prefeito nas eleições de 1982 (CALIXTO JÚNIOR, João Tavares. Venda Grande d'Aurora. Fortaleza, 2012, p. 268).
     Cícero Brasileiro construiu no município de Baixio, o antigo prédio da prefeitura municipal, em 1936, e o prédio da "Mesa de Renda" ou coletoria estadual. O primeiro, lamentavelmente, destruído em dias posteriores. Cícero liderou no município, a fundação do Partido Republicano Progressista, visando às eleições municipais de 29 de março de 1936. (GONÇALVES, Rejane Monteiro Augusto. Umari, Baixio, Ipaumirim – Subsídios para a História Política. Fortaleza, 1997. p. 62-66).
     Aposentando-se como Tabelião, cargo que desempenhou por muito tempo, foi batizado em sua homenagem o prédio da Prefeitura do Município de Baixio como Centro Administrativo Cícero Henrique Brasileiro, localizado no Centro da cidade.

Referências Bibliográficas:

CALIXTO JÚNIOR, João Tavares. Venda Grande d'Aurora. Fortaleza, Expressão Gráfica e Editora, 2012.

GONÇALVES, Rejane Monteiro Augusto. Umari, Baixio, Ipaumirim – Subsídios para a História Política. Fortaleza, 1997.


sexta-feira, 28 de junho de 2013

O livro de memórias de Tota Assis

Por Francisco Frassales Cartaxo 

Livro de memória é baú de emoções da família e de amigos. E também fonte para curiosos, cientistas sociais e historiadores, embora usada com reserva em face do grau de subjetividade imanente ao memorialismo. O livro de Antonio Assis Costa desempenha esse papel com perfeição porque a história de Cajazeiras carece de depoimentos seguros, em especial, de informações políticas. Parece até que a imagem grandiosa do padre Inácio de Sousa Rolim projeta sombras fortes e desviam o foco de recantos históricos. Essa tradição vem desde a biografia pioneira do padre Heliodoro Pires, mais tarde retomada por Deusdedit Leitão. Eles e Antonio de Souza deixaram um legado fundamental, mas com visíveis lacunas. As memórias de Tota Assis ajudam a reduzi-las.
O livro de Tota Assis foi uma revelação quando comecei a estudar com mais cuidado a história política de Cajazeiras, mercê da riqueza de episódios narrados por ele, de pistas antes inexploradas, de perfis de figuras marcantes na área econômica, social, política, cultural e partidária da sua época. Tudo isso Tota registra com a simplicidade de quem escreveu suas memórias, sem preocupações com o rigor inerente aos cientistas. Isto não é função de quem divulga suas recordações. O memorialista fixa seu olhar em situações, e opina com total liberdade frente ao ambiente onde exerceu atividades profissionais, partidárias, políticas. Pouco importa o viés ideológico escondido nas opiniões. Separá-lo é tarefa para quem ler. O perfil que ele traça do mais influente chefe político de Cajazeiras do seu tempo extrapola uma ingênua impressão de criança. É o retrato perfeito do coronel, a célula básica do sistema político dominante na República Velha. Aluno do professor Crispim Coelho, o menino Tota Assis assim viu o coronel Sabino Rolim num dia de eleição:
Cel. Sabino Rolim
"Ao redor da mesa eleitoral, rondava com seu fraque preto e o correntão de ouro atravessado na barriga do colete, preso a um relógio de ouro maciço, pois fortuna não lhe faltava, o Coronel Sabino que gritava de dedo em riste: - É Epitácio e mais ninguém. A eleição é para Epitácio, é Epitácio... Presume-se que alguns goles de vinho do Porto ou conhaque Macieira legítimo, a bebida da moda, influenciavam os arroubos políticos dos Chefes".
Última fotografia em vida!
Além de responsável chefe de numerosa família, Tota Assis desempenhou diferentes missões em Cajazeiras, militante que foi de muitas causas, sempre abraçadas com ardor, às vezes, até se indispondo com amigos, eventualmente, situados em campos opostos. Essa marca de sua personalidade e muitas outras afloram no seu A(s) Cajazeiras que eu vi e onde vivi, que seus familiares reeditam agora em formato e edição mais bem cuidada para marcar as comemorações dos cem anos de nascimento do bonachão Antonio Assis Costa. Homenagem justa, merecida, oportuna. E útil para a história de Cajazeiras.
P S – Este texto está na contracapa da terceira edição do livro A(s) Cajazeiras que eu vi e onde vivi, lançado no dia 20 de junho no Cajazeiras Tênis Clube.


domingo, 23 de junho de 2013

*A proeza de Chico Branco!*

Chico Branco morava no Sítio Riacho da Lagoa e estava com a parteira fazendo serviço de parto na esposa, de madrugada o negócio complicou, então a parteira pediu um médico urgente para ajudá-la e exigiu que fosse  Dr. Deodato Cartaxo que não trabalhava de graça e tinha o costume de gratificar as indicações que lhe eram feitas.
Chico Branco não consegue localizar Dr. Deodato e desobedecendo a parteira vai atrás de Dr. Waldemar que não cobrava de ninguém e atendia de bom grado quem o procurasse, podia ser de madrugada, meia-noite ou qualquer hora.
Como era esperado lá vai o abnegado Dr. Waldemar para o sítio resolver o problema do parto. No caminho, Chico Branco não tendo o que fazer, comenta que tinha procurado Dr. Deodato e não tinha achado. Dr. Waldemar comenta bem sentido: “Ai é, quer dizer que a preferência era Deodato, mas como não achou...”. E o assunto mudava, mas quando voltava o silêncio, ele comentava novamente: “Ai é, quer dizer que a preferência era Deodato, mas como não achou...”. Chico Branco queria até dar na própria língua, mas já tinha dito.
Ao final do trabalho de Dr. Waldemar, Chico Branco pergunta quanto custou o serviço? E ouve uma resposta altamente inesperada:
- Um mil e quinhentos cruzeiros...
Chico Branco
Chico Branco toma até um susto já que esperava ser como de costume, ou seja, o serviço gratuito, sem outro caminho mete a mão no bolso, quando ver que só tinha setecentos cruzeiros.
- Dr. eu só tenho setecentos...
- Não tem problema, responde Dr. Waldemar.
 Dr. Waldemar pega o dinheiro, pondo nas mãos abertas com as palmas pra cima para olhar melhor o dinheiro e exclama:
- Eu não devia receber, mas a preferência era Deodato... tome bolso!
Veja também:

Iconografia do Dr. Waldemar Pires Ferreira e D. Iracle (dezenas de fotografias)


Dr. Waldemar: o professor, o médico e o rotariano

100 anos de Waldemar Pires Ferreira



terça-feira, 11 de junho de 2013

A vila de Cajazeiras

por Francisco Frassales Cartaxo
   A história de Cajazeiras está liga-da a de São José de Piranhas. Não falo da história recente, mas do passado, da origem dos dois municípios sertane-jos. Por isso não me refiro à cidade a-tual, (ex-Jatobá), que substituiu o núcleo urbano inundado pelo Açude Engenheiro Ávidos. As ligações do presente são importantes, porém, no passado elas foram muito significativas e entrelaçadas em vários campos: na política, na economia, na religião, nos laços de família. De forma que, é impossível compreender a evolução inicial de nossa história sem conhecer a conduta de personagens que marcaram a formação desses municípios. Basta mencionar dois momentos simbólicos para tornar mais clara a afirmativa.
   A primeira feira semanal, ocorrida em 1848, quando Ca-jazeiras não passava de uma povoação integrada ao território de Sousa, da mesma forma que Santa Fé e São José de Piranhas, onde, aliás, a nascente Cajazeiras provia seu abastecimento. Só a partir daquele ano, com a feira, foi o povoado criando as condições para expandir-se, graças à visão, ao esforço de suas lideranças, tendo à frente o comandante Vital Rolim, o tenente Sabino Coelho e o padre Inácio Rolim. Naquele longínquo 1848, a feira semanal era um acontecimento de muito mais repercussão do que a simples compra e venda de mercadorias, como sucede hoje. A feira servia para essas trocas, é claro, mas se prestava também a um sem números de outros papéis. Ali se faziam presentes fazendeiros, agricultores, mascates, escravos, vendedores de todos os tipos de mercadorias e animais existentes na redondeza. E poetas repentistas. Em dia de feira fatos e boatos circulavam de boca em boca, como atualmente se propagam em rádio, televisão e jornal. Fechavam-se acordos políticos e se encomendavam crimes de morte. Quantos corpos ficaram inertes no chão de feiras... Nas feiras, prepotentes delegados e seus asseclas a serviço de chefes políticos do partido no governo exerciam seu irresistível poder de pressão em tempo de eleição. Por tudo isso, a feira era o acontecimento. Pois bem, ao instituir a feira em Cajazeiras, as relações com São José de Piranhas e Santa Fé começaram a tomar nova feição.
Um segundo momento simbólico é de natureza eleitoral. A autonomia político-administrativa de Cajazeiras, em 1863, veio com a incorporação ao novo município dos distritos de São José de Piranhas e Santa Fé. Assim, a jurisdição eleitoral com sede na vila de Cajazeiras ampliou-se e adquiriu, por imposição legal, muito mais heterogeneidade, alterando a correlação de forças na disputa pelo poder local, antes restrita aos grupos cajazeirenses aglutinados no Partido Liberal e no Partido Conservador. Portanto, sem conhecer bem as nuanças desse intrincado momento de nossa história, insisto, é impossível desvendar, sem fantasias, episódios nebulosos, tais como o conflito armado do dia 18 de agosto de 1872, quando foi morto o tenente João Antonio do Couto Cartaxo, chefe do  Partido Liberal.
  Deusdedit Leitão deixou livros e textos esparsos acerca da história dos dois municípios, que muito ajudam a esclarecer nosso passado. Hoje, estudiosos de São José de Piranhas refazem essas trilhas históricas e lançam mais luz nessa nebulosa fase, à frente o historiador Messias Ferreira Lima, coadjuvado por outros mais jovens, como o professor Francisco Pereira, Marconi Gomes Vieira, para citar apenas dois.