Por Francisco
Frassales Cartaxo
A Paraíba possui hoje 223 municípios num território pequeno, superfracionado
em comparação com os vizinhos Ceará e Pernambuco, bem maiores em extensão e com
número muito menor de municípios. No ocaso do Império, tínhamos apenas 40
municípios, com suas vilas ou cidades como sede urbana. Criado em 1863, Cajazeiras
foi o 21º município paraibano e o 6º do sertão, considerado aqui o espaço situado
entre a Serra de Santa Luzia e a divisa com o Ceará. Neste sertão, Sousa,
Pombal, Piancó, Catolé do Rocha e Teixeira são vilas mais antigas do que
Cajazeiras, enquanto as nossas vizinhas São João do Rio do Peixe (1881) e São
José de Piranhas (1885), são também do tempo da Monarquia.
E antes de ser vila? Como povoação, às vésperas de tornar autônoma, Cajazeiras
já exibia ares de vila. Além do colégio de ensino secundário do padre Rolim,
tinha escolas de instrução primária, uma concorrida feira semanal, subdelegacia
de polícia e comissariado de instrução pública, além de “uma capela com
proporção de matriz, um cemitério decente e murado, em cujo recinto existe
outra capela”, segundo registrou em 1854 o presidente João Capistrano Bandeira
de Mello no Relatório à Assembleia Legislativa. A paróquia de Nossa Senhora da
Piedade foi criada em 1859.
A independência de Cajazeiras, desmembrada do município de Sousa, teve
origem formal em projeto de lei do deputado João Leite Ferreira Júnior, advogado,
filho de poderoso chefe político liberal do vale do Piancó. Genro de Felizardo
Toscano de Brito, que foi presidente da província e chefiou o Partido Liberal
na Paraíba, durante muitos anos, João Leite herdou também o comando daquele
partido na Paraíba. Lembro isso para realçar que nossa autonomia
político-administrativa sofreu a influência dos liberais, então chefiados em
Cajazeiras pelo Comandante Vital Rolim. A emancipação trouxe de imediato a
chance de ter um representante legítimo de Cajazeiras na Assembleia Provincial,
já no ano seguinte à criação do município, com a eleição do bacharel Antônio
Joaquim do Couto Cartaxo para a legislatura de 1864/1865. Foi ele o primeiro deputado
a representar Cajazeiras.
Antes dele, porém, um cajazeirense, o bacharel Manuel de Souza Rolim, (irmão
do padre Rolim), fora deputado provincial, mas representando o município de
Sousa. Como assim? Simples. Após sua formatura, em 1839, ele foi ser professor em
São José da Lagoa Tapada, onde casou com uma jovem da família Sá, filiando-se
ao Partido Conservador, cujo chefe em Sousa era o Comandante da Guarda Nacional,
José Gomes de Sá Júnior. Logo depois de Couto Cartaxo, outro bacharel, Manuel
Rolim de Alencar representou Cajazeiras na Assembleia Provincial (1866-1867), também
ligado à facção liberal. Como se nota, essas conquistas decorreram da criação
da vila/município de Cajazeiras em 23 de novembro de 1863, data muito mais
significativa do que a transformação da vila em cidade.
Com a criação do município, Cajazeiras instalou a câmara municipal que então
desempenhava funções administrativas; passou a ser termo judicial, ocupado por
um juiz municipal; sediou uma delegacia de polícia com três subdelegacias: uma
na vila, outra em Santa Fé e a terceira em São José de Piranhas. Em 1875,
criada a comarca, teve seu primeiro juiz de direito, Manuel da Fonseca Xavier
de Andrade. Todas essas conquistas aconteceram antes da elevação de Cajazeiras
à categoria de cidade, em 10 de julho de 1876, no curto período de 13 anos.
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