Por Francisco
Frassales Cartaxo
São José de Piranhas = Praça Domingos Leite |
A primeira feira semanal, ocorrida em 1848, quando Cajazeiras não passava
de uma povoação integrada ao território de Sousa, da mesma forma que Santa Fé e
São José de Piranhas, onde, aliás, a nascente Cajazeiras provia seu abastecimento.
Só a partir daquele ano, com a feira, foi o povoado criando as condições para
expandir-se, graças à visão, ao esforço de suas lideranças, tendo à frente o
comandante Vital Rolim, o tenente Sabino Coelho e o padre Inácio Rolim. Naquele
longínquo 1848, a feira semanal era um acontecimento de muito mais repercussão do
que a simples compra e venda de mercadorias, como sucede hoje. A feira servia
para essas trocas, é claro, mas se prestava também a um sem números de outros papéis.
Ali se faziam presentes fazendeiros, agricultores, mascates, escravos, vendedores
de todos os tipos de mercadorias e animais existentes na redondeza. E poetas
repentistas. Em dia de feira fatos e boatos circulavam de boca em boca, como atualmente
se propagam em rádio, televisão e jornal. Fechavam-se acordos políticos e se encomendavam
crimes de morte. Quantos corpos ficaram inertes no chão de feiras... Nas
feiras, prepotentes delegados e seus asseclas a serviço de chefes políticos do
partido no governo exerciam seu irresistível poder de pressão em tempo de
eleição. Por tudo isso, a feira era o acontecimento. Pois bem, ao instituir a
feira em Cajazeiras, as relações com São José de Piranhas e Santa Fé começaram
a tomar nova feição.
Um segundo momento simbólico é de natureza eleitoral. A autonomia político-administrativa
de Cajazeiras, em 1863, veio com a incorporação ao novo município dos distritos
de São José de Piranhas e Santa Fé. Assim, a jurisdição eleitoral com sede na
vila de Cajazeiras ampliou-se e adquiriu, por imposição legal, muito mais
heterogeneidade, alterando a correlação de forças na disputa pelo poder local,
antes restrita aos grupos cajazeirenses aglutinados no Partido Liberal e no Partido
Conservador. Portanto, sem conhecer bem as nuanças desse intrincado momento de
nossa história, insisto, é impossível desvendar, sem fantasias, episódios
nebulosos, tais como o conflito armado do dia 18 de agosto de 1872, quando foi
morto o tenente João Antonio do Couto Cartaxo, chefe do Partido Liberal.
Deusdedit Leitão deixou livros e textos esparsos acerca da história dos
dois municípios, que muito ajudam a esclarecer nosso passado. Hoje, estudiosos
de São José de Piranhas refazem essas trilhas históricas e lançam mais luz
nessa nebulosa fase, à frente o historiador Messias Ferreira Lima, coadjuvado
por outros mais jovens, como o professor Francisco Pereira, Marconi Gomes
Vieira, para citar apenas dois.
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