domingo, 17 de julho de 2011

Cordel: Eu fui a Romaria de Bosco Barreto ao Padre Cícero









 









O dia em que conheci o peripatético Bosco Barreto!

Eram tempos de obscuridade. Não havia liberdade de pensamento. Eu morava no Maranhão, mas todos os anos eu vinha para a Semana Universitária e, invariavelmente trazia alguns amigos maranhenses. O rancho ou era na casa do Tio Waldemar ou na casa de papai se ele tivesse exercendo mandato político e consequentemente com residência na boa terra.
Numa destas, não dar para precisar bem o ano, houve um quiprocó dos diabos na SORVEDRINKS (corrijam-me se não era o nome do Bar da Dorinha Montenegro) na esquina da Rua Tenente Sabino com a Travessa Francisco Bezerra (rua do antigo Hotel Oriente).
O bar era bem movimentado e ocupava com mesas sempre lotadas pela juventude a Travessa Francisco Bezerra logo após a esquina.  Numa bela noite, um jovem engraçadinho, filho do delegado da cidade, num gesto petulante resolve atravessar a rua entre as mesas, o que provocou cizânia enorme. O leão-de-chacára da Dorinha não titubeia e dar uns petelecos no atrevido rapaz que não reagiu, sob pena de ser surrado pelos freqüentadores do bar. Foi embora sob vaia e veio o delegado e arrumou o maior pandemônio provocando revolta dos presentes.
Era a deixa que Bosco Barreto precisava. Passou a usar todos os meios disponíveis para desancar o arbitrário chefe de polícia. E o fato toma dimensões tais que o então Secretário de Segurança do Estado vem a Cajazeiras tentar por panos mornos no episódio.
Estávamos ainda em casa do Tio Waldemar quando ouvimos a cobertura da Rádio Alto Piranhas que acompanhava a visita do secretário á Dorinha na sua própria casa (ficava logo depois já esquina da travessa com a Rua Juvêncio Carneiro). Bosco, matreiro, vai também. E o Secretário começa ao vivo pelas ondas da rádio falar com a Dorinha, à guisa de desculpas, e Bosco se intrometendo com as mais variadas diatribes! Conseguiu o que queria! O secretário cai na esparrela de indagar ao Bosco o que ele tinha feito à Cajazeiras. Não deu outra, Bosco endiabrado pega o microfone da rádio e inflamado começa o seu discurso dramático:
- O que é que fiz, o que é eu que faço, Cajazeiras...?
- Lutar contras as arbitrariedades da truculência...
- O que é que fiz, o que é eu que faço,  Cajazeiras...?
- Lutar contra o Decreto 447 que cerceia a liberdade de expressão dos estudantes brasileiros.
E assim continuou com as catilinárias contra o regime, comportamento não usual e nem tolerado pelos militares.
Acostumado eu às obsequiosas abstinências políticas partidárias já que morava no Maranhão, este homogêneo politicamente sob à liderança do eterno José Sarney, fiquei deveras arrepiado com a ousadia do conterrâneo. Impressionou o audaz político.
Era o auge da carreira brilhante, mas efêmera do líder Bosco Barreto.

Ascensão de Edme Tavares e declínio de Bosco Barreto

Do Livro "Do Bico de Pena à Urna Eletrônica. "Páginas: 343-345

Em artigo anterior, mostrei que na eleição de 1982 o PDS teve os três candidatos a deputado estadual mais bem votados em Cajazeiras: Antônio Quirino, Bosco Barreto e José Lacerda. Juntos eles somaram 12.586 votos, isto é, 66% da votação do total apurado naquele ano. Os candidatos a deputado estadual do PMDB de Cajazeiras tiveram juntos, 1.800 votos, nessa ordem: José Leite (786 votos), Tarcizo Telino (708) e José Aldemir (306). O desequilíbrio foi gritante, como já comentei várias vezes, em função do forte poder do PDS, da migração da maior liderança oposicionista de então, e também, da obrigatoriedade de votar num único partido.
A pulverização de votos em dezenas de candidatos ocorreu em 1982. É fenômeno antigo, portanto. Setenta e seis candidatos a deputado estadual receberam sufrágios em Cajazeiras. Isso mesmo, setenta e seis! Da região concorreram nove candidatos (os seis já citados e mais José Dantas Pinheiro, Francisco Ferreira e José Andriola). Eles somaram 14.842 votos, ou seja, 785 do eleitorado votante, que foi de 18.955, naquele ano. O restante entrou para o habitual pinga-pinga.
De todos eles (afora Zé Lacerda que sempre se reelege), apenas Antônio Quirino teve sucesso. Ampliou sua votação, beneficiada pela ascensão de Edme Tavares à câmara federal e a prestígio que o exercício do primeiro mandato lhe deu, ainda que na condição de terceiro suplente do PDS.
Bosco Barreto selou seu declínio político em 1982. Sua meteórica carreira teve início dez anos antes, quando postulou a prefeitura, no embalo da batalha judicial que levou à inelegibilidade o então candidato da ARENA, Higino Pires Ferreira. Gineto foi substituído na chapa governista pelo advogado Quirino de Moura. Venceu Quirino, contudo, Bosco quase empatado com ele. Corre até que os votos mergulhados nas urnas lhe teriam sido favoráveis, mas por misteriosos caminho emergiram nos mapas com sinais trocados. Lenda, dizem uns. Melhor para Cajazeiras, recordam outros, aduzindo que a prefeitura nas mãos de Bosco teria sido uma tragédia.
Em 1974, Bosco é eleito deputado estadual e exerceu, com a irreverência de estilo, seu único mandato eletivo. Como deputado, em 1978, tentou a prefeitura, com Acácio Braga Rolim em sublegenda. Dois anos após, disputou o senado na sublegenda de Humberto Lucena (MDB). Obteve em Cajazeiras 5.732 votos, contra 7.547 dados a Ivan Bichara Sobreira.
Ivan acabara de sair do governo, marcado para a derrota.
Por quê? Porque houve forte cisão na ARENA provocada pela escolha de Tarcísio Burity para governador da Paraíba. O então deputado arenista Antônio Mariz decidiu disputar com Burity no colégio eleitoral. Conduta rebelde reprovada pelos militares. Um escândalo. O processo culminou com tumultuada eleição, indireta, de acordo com a regras do regime militar. Mariz, perdeu, mas saiu da refrega como liderança popular de dimensão estadual. Carregado de mágoas, comandou a dissidência que terminou por dar a vitória a Humberto Lucena. Lances significativos deste pedaço da história política da Paraíba estão em meu livro Política nos Currais, escrito no calor do resultado da eleição de 1978.
 Naquele ano, Bosco Barreto lançou o então vereador Constantino Nogueira como candidato do MDB a deputado estadual, para preencher um vazio no campo oposicionista, mas fracassou. Nogueira obteve em Cajazeiras, apenas 2.739 votos, frente aos 4.313 dados a Quirino e 4.064 a Edme Tavares.
A eleição de 1982 marcou a ascensão de Edme Tavares à Brasília, onde exerceu, oito anos seguidos, o mandato de deputado federal. Selou, também, a decadência política de Bosco Barreto que, ao tornar-se governista, virou peixe fora d’água.


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Funcionário Municipal completa 60 anos de pleno exercício público na Prefeitura de Cajazeiras


Até pelos baixos salários pagos, o que torna o emprego público municipal praticamente um “bico”, no interior paraibano não é comum se ver funcionários públicos municipais com longo tempo de trabalho naquele ofício. Geralmente a pessoa tem aquilo como “quebra galho” e, assim que consegue uma colocação melhor no mercado de trabalho, deixa o “bico” para se dedicar ao novo emprego, geralmente bem mais rendoso. Mas, essa regra, como quase todas as outras, tem exceção!
E a exceção em Cajazeiras tem nome: José Vicente de Souza Filho, 75 anos, ou mais carinhosamente conhecido Zezinho. Casado desde julho de 1951, seu Zezinho trabalha na Prefeitura de Cajazeiras. Aos 14 anos de idade foi admitido como diarista pelo então prefeito Arsênio Rolim Araruna. Como seu primeiro chefe imediato, lembra seu Zezinho, o fiscal geral da Prefeitura foi Anacleto de Souza.
Nessa função, e recebendo como diarista, Zezinho trabalhou até abril de 1956. Em maio do mesmo ano, foi nomeado continuo pelo prefeito Antônio Cartaxo Rolim. Na mesma situação dos demais servidores, ou seja, recebendo salários que não condizem com suas necessidades, Zezinho nem reclamava, pois, já estava acostumado. Afinal é pouco mais de meio século de vida funcional na Prefeitura.
Hoje sem dúvida, ele é funcionário com mais tempo de serviço prestado à Edilidade e, certamente o que mais tempo serviu a municipalidade cajazeirense. Nesse longo caminho de Prefeitura, seu Zezinho já vai passando por mais de uma dúzia de governos municipais, a saber: Arsênio Rolim Araruna, Otacílio Jurema (duas vezes), Antônio Cartaxo Rolim, Epitácio Leite Rolim (três vezes), Antônio Quirino de Moura, Francisco Matias Rolim (duas vezes), Antônio Vituriano de Abreu, José Nello Zerinho Rodrigues, Carlos Antônio Araújo de Oliveira (duas vezes), Leonid Abreu e atualmente Carlos Rafael Medeiros de Souza.
Apesar de todos esses anos de trabalho (60 anos) dedicado à cidade através da Prefeitura. O entusiasmo continua o mesmo do primeiro dia de trabalho desse exemplo de servidor público.
Na manhã desta sexta-feira (14), funcionários da Secretaria de Administração prepararam uma homenagem para Zezinho com um café da manhã. Estiveram presentes vários secretários, e na oportunidade, foi lida uma mensagem do prefeito Carlos Rafael. Também foi apresentada uma poesia de composição de Gilmar Lira do setor de Contabilidade. O secretário Jucinério Félix também felicitou Zezinho, e o artista Ricardo Lacerda fez uma apresentação de forma improvisada para o homenageado.
HOMENAGEM   AOS   60   ANOS DE   FUNCIONÁRIO   DA   PREFEITURA DE   JOSÉ    VICENTE  (   Zezinho)

JOSE  VICENTE  –   ZEZINHO
DE  PARABÉNS    TÚ    ESTÁS
RECEBA O  NOSSO  ABRAÇO
DOS  SEUS   AMIGOS   LEAIS
PELOS   SEUS     60     ANOS
DE  TRABALHO  QUE  HOJE  FAZ.
  
DE  MUITA   LUTA E  TRABALHO
SUA   MISSÃO   É   CORRETA
NESTE   14    DE     JULHO
COMEMORA  ATÉ  COM  FESTA
DE  SERVIÇOS  À  PREFEITURA
60   ANOS      COMPLETA.


RECEBA    DESTA     EQUIPE
COM TODA  AS BÊNÇÃOS  DO  CÉU
DOS  SECRETÁRIOS  E  AMIGOS
UMA     FAIXA   DE     TROFÉU
E   UM   ABRAÇO  DO  PREFEITO
NOSSO  :    CARLOS   RAFAEL.

NA  CONTABILIDADE  ESPERAMOS
VOCE     SEMPRE   VISITAR
COM  O  JORNAL   CONTRAPONTO
E    AS     NOTÍCIAS    CHEGAR
PARA      RAILSON    E   STÊNIA
BOSQUINHO,  EUNICE  E  GILMAR.

Poeta:   Gilmar  Lira

DADOS  Redação Portal CZN FOTOS Ângelo lima