O Dia de Finados é o dia da celebração da vida eterna das pessoas queridas, portanto, um dia de oração pelos entes queridos que partiram para a eternidade. Isto para os adultos, para a meninada era um dia de muita animação, juntar a cera derretida das velas acesas e fazer uma bola de cera, quem conseguisse fazer a maior era invejado pelos outros. Seu Tinino, um negro alto e magro, neste dia não levava a sua carrocinha encarnada, com portinholas de vidro e com a sua buzina (gritando TININO!) para frente do Cine Éden, mais lucrativo era a porta do cemitério, onde estava reunida a maior parte da criançada da cidade, ó carrocinha apetitosa com chicletes Ping-Pong, amendoim torrado, balas juquinha e pipoca. Havia outros concorrentes como o seu Clarindo da carrocinha de picolé da Walmor, o de coco era o preferido. O rapaz com a sua tábua de pirulito. Mais outro com algodão-doce, a velhinha vendendo rolete de cana, e outros que me fogem à memória.
Os pais para se livrarem da chatice dos filhos eram mãos-abertas e a fartura corria solta.
Mas no meio desta algazarra toda, a meninada não se esquecia de ir várias vezes ao túmulo da menina da serpente (ver foto). Há a lenda de que esta menina morreu por ter dado língua para a mãe e, como castigo divino, tinha virado uma serpente. O medo maior era que o túmulo se rachasse e a serpente soltasse alguma escama... pronto... o mundo se acabaria. Era tão verdadeiro que se podia escutar o barulho da serpente se mexendo, bastava encostar o ouvido no teto do túmulo e ouvia uns ruídos (semelhante àquele produzido pelos búzios) e saía correndo, tanto que batia o pé na bunda.
Foto: Eduardo Pereira |
Esta lenda é tão forte na nossa cidade que se fez uma recordação durante o desfile cívico deste ano da Cidade de Cajazeiras (22 de agosto)
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