por Francisco Matias Rolim
Eu era prefeito interino de Cajazeiras, no mês de setembro de 1962, então assumir a prefeitura por ser presidente da Câmara Municipal e o prefeito Otacílio Jurema saiu de licença e o vice-prefeito Epitácio Leite não podia, pois tinha renunciado para fazer sua campanha de candidato a prefeito de Cachoeira dos Índios.
Eu estava na prefeitura por volta das 18 horas, quando chegou Zé Sacristão e Monsenhor Abdon Pereira me perguntando se eu poderia ceder meu carro para levar urgente Frei Damião a Patos. O carro que ele vinha do Ceará tinha pregado no Bairro dos Remédios. Prontamente acedi ao pedido. Quando falaram que ia procurar um motorista, falei que era desnecessário porque fazia questão de ir dirigindo.
Frei Damião tinha marcado para as 20 horas deste dia as Santas Missões na cidade de Patos.
Saímos imediatamente, como a estrada ainda não era pavimentada, ia numa marchinha de 60 km/hora, evidentemente íamos chegar atrasado ao compromisso de Frei Damião, pois Patos fica a quase 200 km de Cajazeiras.
Frei Damião com a voz baixinha, sotaque de estrangeiro, como sempre falava, perguntou, apontando com o dedo o velocímetro do carro e o movendo para a direita num semicírculo de cima para baixo imitando o percurso do ponteiro do velocímetro quando aumentava a velocidade do carro:
“Este ponteirinho não pode vir mais pra cá”, pedindo mais velocidade.
Não conversei e apertei o pé mantendo uma velocidade de 120 a 130 km/hora, o que era uma temeridade pela condições precárias da estrada.
Íamos nos acompanhado, o Zé Sacristão, um Frade e o Francisco Estolano de saudosa memória todos em silêncio.
Foi Zé Sacristão que quebrou o silêncio perguntando a Frei Damião:
- Os amigos deste moço, apontando-me, querem que ele seja a candidato a prefeito nas próximas eleições...
Frei Damião tomou a palavra:
- Pode se candidatar que ganhar!
Foi mais uma solicitação a Deus pela minha vitória eleitoral.
Chegamos a Patos a tempo do jantar em que tivemos a honra de dividir a mesa da ceia com o Frei Damião que cumpriu no horário o seu compromisso das Santas Missões.
Sempre que nos encontramos, eu o Zé Sacristão rememoramos emocionados esta história”.
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