O
ano era 1992. O empresário José Nello Zerinho Rodrigues, então vice-prefeito de
Cajazeiras, disputava a eleição para prefeito contra o médico Epitácio Leite
Rolim, que tentava voltar à Prefeitura. Zerinho contava com o apoio do velho
MDB e do prefeito Antonio Vituriano de Abreu, que gozava de boa aceitação
popular junto à classe média. Epitácio trabalhava montado no seu diploma de
médico e tinha o apoio maciço das camadas mais populares.
Parada
dura. Duríssima! Epitácio tinha a simpatia de boa parte da imprensa local.
Naqueles tempos de legislações outras, com as bênçãos de Gutemberg Cardoso e
Carlos Roberto Pereira, um slogan imbatível foi cunhado para a sua campanha: “O
homem é bom, o homem é espetacular”, pinçado de uma música do grande Luiz
Gonzaga. Caiu na boca do povo: em qualquer esquina tinha gente repetindo o
slogan e a campanha de Epitácio era um verdadeiro céu de brigadeiro.
Mas
tem sempre o imponderável nas campanhas políticas. Foi marcado um debate a ser
retransmitido pela Difusora Rádio Cajazeiras. Temor de ambos os lados. Nem
Epitácio e nem Zerinho eram lá grandes oradores. Ainda mais no calor de uma
campanha acirrada. Zerinho preparou-se com afinco e sob os cuidados dos irmãos
Josival e Adjamilton Pereira e também de Fernando Caldeira, dentre outros.
Chegou
o dia. Uma multidão aglomerou-se nas Oiticicas, em frente à Câmara de
Vereadores, local do debate. A retaguarda da propaganda de Zerinho, confiante
na sua exaustiva preparação para o embate, estava confinada preparando uma
estratégia para sair às ruas após o debate entoando o slogan “Zerinho é o
melhor”. Oras, se Epitácio era bom, Zerinho era o melhor. E o melhor para
Cajazeiras seria Zerinho. Mais simples e direto impossível!
Conforme
o previsto, o debate foi acalorado. Zerinho saiu-se um pouco melhor que Epitácio.
A multidão que tomava conta das ruas saiu empunhando a bandeira do melhor e a
campanha tomou outro rumo, já que outras estratégias também foram colocadas em
prática. Ao fim, Zerinho sagrou-se prefeito de Cajazeiras com uma maioria de
apenas 114 votos. Eu vi. Eu estava lá.
CHRISTIANO MOURA