sábado, 19 de fevereiro de 2011

Dr. Waldemar: o professor, o médico e o rotariano

Dr. Waldemar Pires na companhia da mãe e dos irmãos

José Antonio de Albuquerque

Há quase meio século, no velho, tradicional e inesquecível Colégio Diocesano Padre Rolim, fui aluno de Física, do médico Waldemar Pires. Somente um educador do porte de Monsenhor Vicente Freitas faria com que Dr. Waldemar deixasse todas as manhãs os seus afazeres de médico, no Hospital Regional de Cajazeiras, para ministrar aulas numa turma de 30 alunos, concluintes do Curso Ginasial, que ao lado de Dr. Gineto, como professor de Química, Dr. Manoel Paulo (esposo de Socorro Paulino, filha de Carlos Paulino), como professor de Biologia e Mailson da Nóbrega, como professor de Matemática, formava um conjunto que dava um enorme prestigio ao velho educandário.


Antes de ser meu professor já conhecia o médico Waldemar Pires, que era ao mesmo tempo clinico geral, cirurgião e radiologista e de suas hábeis e abençoadas mãos, anos depois, veio a nascer, minha querida filha Letícia Teresa, numa madrugada do dia 11 de fevereiro de 1978, debaixo de muita chuva e trovão, na Maternidade Nossa Senhora de Fátima. E depois que concluiu o parto foi Ele que me deu a noticia: “é uma menina encantadora e bonita”, seguida de um afetuoso abraço. Era um grande sonho de Antonieta e meu que nascesse uma menina, já que tínhamos dois filhos do sexo masculino. Nunca saiu da minha memória aquela madrugada.


Quando ingressei no Rotary Clube de Cajazeiras, no dia 22 de janeiro de 1971, já fazia parte Dr. Waldemar, com um titulo muito honroso: sócio fundador. Eram poucos os remanescentes de 1948 que ainda faziam parte do clube de Cajazeiras: Sabino Rolim, Aldo Matos, Deodato Cartaxo e Sabino Rolim Guimarães e todos os outros sócios tinham sempre um respeito muito grande por estes companheiros, símbolos da resistência e do amor pelas instituições criadas em Cajazeiras com o objetivo de tornar a nossa cidade conhecida e reconhecida entre os milhares de rotarianos espalhados pelo Brasil inteiro.


A timidez de Waldemar, nos encontros rotários do Nordeste, era compensada por sua eterna e enamorada companheira Ica Pires, sempre convocada para fazer apresentações e recitais e era aí, nestas ocasiões que o nome de Cajazeiras ficava gravado na memória de todos os presentes. O Rotary clube de Cajazeiras sempre deixava a sua marca nas Assembléias Rotarias.


Waldemar era um rotariano nato e praticava com maestria o lema rotário “Dar de si antes de pensar em si”, não somente no interior do clube, nos momentos de companheirismo, mas principalmente na vida sua profissional e como cidadão. Um humanista em todos os sentidos. Fazia da medicina um sacerdócio. Encantadora era a sua simplicidade. Espantosa era sua humildade. Na sua maleta de médico não existia recibo.


Waldemar era um eterno apaixonado pela terra que nasceu, em 9 de fevereiro de 1911 e para ela voltou eternamente, no dia 20 de outubro de 1966. A sua paixão por Cajazeiras, infelizmente, não parece ser correspondida pelos seus conterrâneos, a quem serviu com dedicação e carinho e sequer tem uma rua ou um logradouro com o seu nome e é mais um ilustre filho que entra na lista dos esquecidos e injustiçados, mas para não morrer definitivamente na memória da cidade, o GAZETA, publica um Caderno Especial, nesta edição, a de número 637, para celebrar o Centenário de seu nascimento. Salve Waldemar!


Por José Antonio de Albuquerque é professor historiador e jornalista publisher do Gazeta do Alto Piranhas.


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