terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Nossas presepadas nos programas de auditório da DRC.

“Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!”
Casimiro de Abreu
Mozart Assis e Zé Adelgides 
Cajazeiras entrou na história da radiofonia pelo seu pioneirismo encetado pelos extraordinários cajazeirenses Mozart Assis e José Adelgides Bastos. 
Antonio
Mariz 

Não foi uma proeza qualquer, lembro-me que diariamente ouvia a Difusora Rádio Cajazeiras, a única emissora da região, relatar todas as receitas e as despesas (sem esquecer o saldo inicial e final) da Prefeitura da vizinha cidade de Sousa. O prefeito era inolvidável Antonio Mariz que fazia questão de tornar público todas as movimentações financeiras diariamente sem exceções. Ora a rádio era o mais importante entretenimento na época e lá ia eu, garoto de dez anos, ser obrigado escutar ou desligar o aparelho. Era semelhante ao guia eletrônico eleitoral dos nossos dias, repudiados por muitos. E eu me perguntava a razão daquela “bobagem” já que ninguém ouvia o melopéia diária? Não tinha ainda visão política.
Que mais tenho que falar da DRC? Ah, sim as novelas. Foram várias: O conde de Monte Cristo e O Direito de Nascer foram os sucessos, principalmente a primeira com Mamãe Dolores, Alberto Limonta, Maria Helena na novela cubana, pré-Fidel Castro.
Em pé, Eu, no meio Ivan no lado
esquerdo, Valiomar no meio, e
Ubiratan no lado direito, na frente
acocorado Klemper
Ainda, a DRC fazia programas de auditório no segundo andar do prédio da Ação Católica (hoje funciona a FAFIC), era um sucesso total. Não me lembro os apresentadores, mas retive nas reminiscências infantis as nossas presepadas. Eu, Valiomar de Tio Waldemar Rolim, Ivan de Móises Braga, Ubiratan de Paulo Assis e Klemper de Maria Silva chegávamos cedo para garantir lugar na primeira fila, pra quê? Lá pelo meio do programa, um de nós se levantava e começava olhar para o fundo do auditório, gesticulando como se tivesse vendo algo muito digno de ser visto. Logo era seguida pelos outros quatro com ares de espanto e/ou admiração, mas tudo não passava de molecagem... Não demorava, estava todo o auditório de costas para o palco do programa e enxergando as fantasmagorias criadas pelo malandro quinteto. Não demorou fomos convidados pelos organizadores do programa não repetir a proeza. Mas até lá foi divertido à beça!
O prédio da Ação Católica, hoje funciona a FAFIC, os
programas de auditório funcionava no segundo andar.
E finalizando volto aos tempos antes dos meus dez anos. Ainda morava na casa da Rua Padre Rolim defronte à praça nos fundos da prefeitura. Os tempos eram outros, com poucos automóveis e muitos freqüentadores de igrejas, como era costume entrementes, mamãe nas noites de domingo botava cadeiras na calçada para ver o vai-e-vem dos transeuntes. Cedo ficávamos escutando a DRC, tinha um alto-falante instalado num poste na calçada vizinha à nossa casa, a transmissão encerrava na hora do início da última missa do domingo, à noite, hora que aumentava o trânsito dos pedestres em busca da Igreja com direito a repeteco ao final da missa. Eram muitos os freqüentadores habituais, destaco o Dr. José Araruna que me chamava a atenção quando chegava, a bordo do seu fusca.
Ai que saudade da aurora da minha vida!      


Veja também:

História da Rádio Difusora (Cajazeiras)

DIFUSORA RÁDIO CAJAZEIRAS E RÁDIO ALTO PIRANHAS: década de 60

NPR de Cajazeiras: 50 anos no ar


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