por Francisco
Frassales Cartaxo
No
começo deste mês escrevi acerca de jornais cajazeirenses da primeira metade do
século 20. Volto ao tema, como prometi, para falar d’O Observador, que deve ter
circulado pela primeira vez em maio de 1955, pois o número 3, que tenho agora
em mãos, é de julho daquele ano. Se atualmente ainda existe muita dificuldade
para imprimir e sustentar um jornal no interior, imagine naquele tempo! O
próprio fundador e diretor, professor José Pereira de Souza, explica em nota
editorial, em abril de 1956, véspera do primeiro aniversário do seu jornal:
“Ora
saindo em edição regular (mensal), ora em edição precária (bimensal), o fato é
que O Observador teve cabal circulação em toda esta primeira etapa. Pouco
importa a luta ingente sustentada contra os mais variados tropeços de que são
susceptíveis as lides de imprensa interiorana, face à iminência de constantes
revezes qual o problema de inevitáveis situações deficitárias.”
Em
linguagem elegante, José Pereira expõe as agruras de manter o jornal. Lamenta,
em seguida, não reunir condições para oferecer alentado exemplar comemorativo
do primeiro ano de existência d’O Observador. Registra agradecimentos
especiais, realçando a colaboração de
duas pessoas: “Horácio Alves Cavalcanti, editor-tipógrafo a quem deve Cajazeiras
a circulação, em dia, de dois periódicos locais, sem citar Lábaro, recém
fundado órgão oficial da Escola Técnica de Comércio”; e Deusdedit Leitão, que manteve a coluna “Famílias
Cajazeirenses.” O outro periódico referido é o Correio do Sertão, da diocese.
Aos
trancos e barrancos, O Observador circulou até o final de 1956. Foram talvez 12
números, dos quais consegui resgatar oito, um precioso testemunho do idealismo
de um visionário, hoje quase esquecido, mas que deixa sua marca na história da
imprensa paraibana. Literário e noticioso, o jornal exibia poucos textos
assinados, amplo noticiário da Paraíba e, em particular, da região de
Cajazeiras nos campos políticos, administrativo e cultural. O Observador é
fonte de informação histórica até pelos anúncios de casas comerciais, a exemplo
dos Armazéns São Paulo, de Francisco Rolim & Irmãos e de J. Epaminondas
Braga.
José Pereira de Souza, discursando provavelmente na inauguração do prédio da Prefeitura Municipal |
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