sábado, 28 de julho de 2012

O engenheiro, o matuto e o burro

O governador Ivan Bichara recebeu a visita de um engenheiro do Dnocs de Brasília querendo conhecer as condições de algumas estradas da Paraíba.
Seguiram para a região de Cajazeiras. Numa das estradas vicinais, cruzaram com um matuto. O engenheiro, munido de vários instrumentos, perguntou pelo estado das estradas. O matuto: “Mais ou menos.” O engenheiro: “Estamos estudando por onde a estrada deve passar.”
 O matuto: “Por aqui, a gente faz diferente”. O engenheiro: “E como é?” O Matuto: “A gente solta um burro. Por onde ele seguir é o melhor lugar pra fazer a estrada.” O engenheiro, com riso irônico: “E quem não tem burro?” O matuto, sério: “Ai, a gente usa um engenheiro mesmo…
Fonte: Helder Moura

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A nova Cajazeiras?

por Francisco Frassales Cartaxo
Nasce em Cajazeiras uma nova cidade. Uma cidade de feição distinta da atual, alimentada por duas tendências que lhe darão novo e diferente aspecto. A primeira vertente é a verticalização urbana, já visível por todos. A outra se expressa na quantidade de loteamentos urbanos que se expandem na periferia da cidade e começam a abrigar casas isoladas e conjuntos habitacionais.
Os edifícios residenciais passam por mudança de padrão na medida em que ganham altura, exigem pilotis, elevadores, garagens suficientes para veículos e outras características ausentes dos prédios - caixão que prevaleciam até poucos anos atrás. Além disso, a instalação de ar-condicionado, internet e outros itens de conforto e modernidade selam a melhoria da qualidade das novas moradias em Cajazeiras. O crescimento vertical ainda se mostra tímido, mas tende a acelerar no futuro imediato, estimulado pela demanda insatisfeita e na esteira do sucesso dos empreendimentos pioneiros.
Ao lado da verticalização, a expansão rumo à periferia é espantosa. Nos últimos anos, surgiram vinte loteamentos. Antigas fazendas incorporam-se à paisagem urbana. Muitos loteamentos são sucesso de venda, alguns já exibem novas edificações de padrões variados de acordo com o nível de renda do proprietário, a localização, o objetivo do construtor e outros fatores guiados pelo mercado imobiliário e pela oferta de financiamento dos programas habitacionais, sobretudo, os da Caixa Econômica Federal. Na minha última estada em Cajazeiras, visitei alguns desses loteamentos e pude verificar, estarrecido, o nascimento de uma nova cidade à margem da BR 230, ao sul e leste. Junte-se a isso a continuidade do movimento de ocupação do solo urbano, iniciado nas imediações da Escola Técnica Federal, e hoje reforçado pelo anúncio de novos focos de atração de investimentos imobiliários residenciais e comerciais, a exemplo do previsto Fórum da Justiça.
Estive nos loteamentos na companhia do experiente engenheiro construtor Crispim Coelho que, segundo me disse, nem ele mesmo imaginara que o rumo do crescimento urbano de Cajazeiras alcançaria a direção e a velocidade atuais. Na verdade, em menos de 10 anos, a cidade corre para acompanhar as mudanças provocadas pela expansão do ensino superior. Expansão fantástica. Em 2002, havia em Cajazeiras apenas o campus da Federal, com seis cursos e cerca de 2.000 alunos. Dez anos depois, funcionam cinco Instituições de Ensino Superior, duas públicas (UFCG e IFPB) e três privadas (FSM, FAFIC e FESF), somando quase 30 cursos de graduação, incluídos dois de medicina, dois de enfermagem, dois de farmácia, dois de direito e um de engenharia. Há 6.000 alunos matriculados, excluídos os estudantes de cursos de pós-graduação de curta duração. Aí está um dos suportes da nova Cajazeiras.
Então vai tudo às mil maravilhas?
Que nada. Nem pensar. Infelizmente, esse crescimento ocorre ao arrepio de um mínimo de disciplina urbana capaz de oferecer, a seus habitantes no futuro, uma cidade decente, com qualidade de vida. E o pior, sob o olhar indiferente das autoridades do município e da própria sociedade, como abordarei em próximo artigo.

domingo, 15 de julho de 2012

SAUDADES MEU PAI SEU CHICO DA MALHARIA...


In memoriam do meu pai, Sr. Chico da Malharia, comerciante em Cajazeiras nos anos 70, sua loja de confecções ficava na Rua Epifânio Sobreira em frente ao Armazém Narciso.
Quem for desta época, certamente vai se lembrar?
Roberto Pereira
Maria Vilmar Rolim 
Lembro bem, pois o meu pai Waldemar Matias Rolim tem até hoje loja de tecidos o "ARMAZENS DAS FABRICAS" no ínicio da Rua.

Roberto Pereira 
 No ano de 1976 meu pai mudou-se para Rua Juvênçio Carneiro, no prÉdio de esquina onde funcionou a ÚTIL LAR, loja de eletrodoméstico do Sr. Adonias Braga, do lado direito ficava  FLAVIO LIRA, do lado esquerdo ficava o Mercantil Santa Terezinha de Assis Freitas e à frente da loja do meu pai ficava o saudoso Henrique Nogueira....

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Cena da Política Cajazerense



Pense numa cena, cuja característica assemelha-se com aquelas cenas de humor, típicas nas novelas que retratam a cultura política de pequenas cidades do interior do nordeste.
Momento assim, cômico e engraçado pode ser visto na imagem abaixo, onde mostra a chegada ao velho aeroporto Antônio Tomaz, do Governador Ronaldo Cunha Lima, do Senador Humberto Lucena, do Prefeito José Nelo Rodrigues (Zerinho) e o religioso Frei Damião de Bozzano, todos desembarcando do avião, sendo assediados, tocados, aplaudidos, carregados nos braços por uma população presente, frenética e feliz; num verdadeiro cortejo a chão batido, deslocando em passeata, com reportes de uma das emissoras de rádio local - no caso, a Rádio Alto Piranhas, em estado ufanista com flashes ao vivo do local, transmitindo os sorrisos dissimulados e os discursos infláveis das autoridades citadas durante a inauguração da Praça Cristiano Cartaxo, Posto da Operação Manzuá e pedra fundamental de uma escola pública.  Num cenário parecido ao que acontecia nas cidades de Sucupira e Brogodó, com políticos como Odorico Paraguaçú e Patácio, simultaneamente prefeitos das duas cidades.

Fonte:  Francisco Cleudimar F. de Lira (Blog Cajazeiras de Amor)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O dia em que conheci o peripatético Bosco Barreto!

Eram tempos de obscuridade. Não havia li- berdade de pensamento. Eu morava no Maranhão, mas todos os anos eu vinha para a Semana Universitária e, invariavelmente trazia al- guns amigos maranhenses. O rancho ou era na casa do Tio Waldemar ou na casa de papai se ele tivesse e- xercendo mandato político e consequentemente com residência na boa terra.
Numa destas, não dar para precisar bem o ano, houve um quiprocó dos diabos na SORVEDRINKS (corrijam-me se não era o nome do Bar da Dorinha Montenegro) na esquina da Rua Tenente Sabino com a Travessa Francisco Bezerra (rua do antigo Hotel Oriente).
O bar era bem movi- mentado, a juventude em peso, na parte da travessa em frente ao bar e as duas calçadas eram ocupadas por mesas sempre lotadas de clientes, impendindo os car- ros de chegarem à Rua Juvêncio Carneiro, ou seja, tinham que dobrar à esquerda para a Rua Joaquim Peba. Numa bela noite, um jovem engraçadinho, filho do delegado da cidade, num gesto petulante e irresponsável resolve atravessar a rua entre as mesas, o que provocou cizânia enorme. O leão-de-chacára da Dorinha não titubeia e dar uns petelecos no atrevido rapaz que não reagiu, sob pena de ser surrado pelos frequentadores do bar. Foi embora sob um vaia estrondosa! E não que, mais petulante e ainda mais irresponsável, veio o delegado e arrumou o maior pandemônio, claro que deixou os presentes revoltados.
Era a deixa que Bosco Barreto precisava. No outro dia, passou a usar todos os meios disponíveis para desancar o arbitrário chefe de polícia. E o fato tomou dimensões tais que o então Secretário de Segurança do Estado veio a Cajazeiras tentar por panos mornos no episódio.
O Secretário de Segurança decidiu ir atè a casa da Dorinha para ouvi-la sobre o entrevero. Eu e os amigos do Maranhão estávamos  na casa do Tio Waldemar quando ouvimos a Rádio Alto Piranhas que que estava cobrindo todo o imbróglio, anuncia (ficava da Sorvdrinks logo depois [já esquina da travessa com a Rua Juvêncio Carneiro). Bosco, matreiro, vai também. E o Secretário começa ao vivo pelas ondas da rádio falar com a Dorinha, à guisa de desculpas, e Bosco se intrometendo com as mais variadas diatribes! Conseguiu o que queria! O secretário cai na esparrela de indagar ao Bosco o que ele tinha feito à Cajazeiras. Não deu outra, Bosco en- diabrado pega o microfone da rádio e inflamado começa o seu discurso dra- mático:
- O que é que fiz, o que é eu que faço, Cajazeiras...?
- Lutar contras as arbitrariedades da truculência...
- O que é que fiz, o que é eu que faço,  Cajazeiras...?
- Lutar contra o Decreto 447 que cerceia a liberdade de expressão dos estudantes brasileiros.
E assim continuou com as catilinárias contra o regime, comportamento não usual e nem tolerado pelos militares.
Acostumado eu às obsequiosas abstinências políticas partidárias já que morava no Maranhão, este homogêneo politicamente sob à liderança do eterno José Sarney, fiquei deveras arrepiado com a ousadia do conterrâneo. Impressionou o audaz político.
Era o auge da carreira brilhante, mas efêmera do líder Bosco Barreto.

domingo, 8 de julho de 2012

As memórias de Tota Assis

por Francisco Frassales Cartaxo
Tota Assis com os pais: Joaquim costa
O ano de 2013 assinala o centenário de nascimento do Antônio Assis Costa. Tota Assis chegou a Cajazeiras ainda menino, vindo da antiga “São José de Piranhas, uma vila modorrenta e atrasada”, acompanhando seu pai, Joaquim Manoel da Costa, como está escrito no livro de memórias “A(s) Cajazeiras que eu vi e onde vivi”. Aqui Tota cresceu, casou, criou seis filhos, exerceu intensa atividade empresarial na agropecuária, no comércio de veículos, na política, na vida social, sempre com atuação vibrante até sua morte em 1984, aos 71 anos.
A releitura que acabo de fazer do livro de Tota Assis fortalece em mim a convicção da importância de seus registros para a reconstituição da história de Cajazeiras. Confesso que fizera leitura anterior com o olhar fixado nos aspectos partidários, em busca de subsídios para elaborar o livro Do Bico de Pena à Urna Eletrônica, concluído em 2006. Agora, não. Agora abri mais o foco e pude 
Tota Assis e sua esposa Rosália, numa
convenção do Lions-Clube em Natal - RN
avaliar com nitidez o significado de seus relatos e comentários, não apenas sob a ótica política, mas também do ponto de vista do crescimento de Cajazeiras, dos esportes, dos flagrantes da vida sertaneja na primeira metade do século 20, enfim, dos costumes religiosos, sociais e políticos daquela época. Imagino que os informes sobre os times de futebol devem ter proporcionado a Reudesman Lopes a mesma satisfação intelectual que a mim propiciaram as observações de Tota acerca de vultos expressivos da política cajazeirense na República Velha e no tempo de Vargas.
Não que seus registros sejam verdades absolutas. Nada disso. Eles, os registros, têm o viés inerente ao memorialismo. Constituem, todavia, referências para o pesquisador confrontá-los com outras fontes. Até o mundo acadêmico, cheio de rigor científico, os utiliza como matéria prima de dissertações e teses. As articulações para fundar em Cajazeiras o Rotary Clube é um bom exemplo. Instigado por empresários de Campina Grande, Tota Assis convidou rotarianos daquela cidade a se deslocarem até Cajazeiras a fim de abrir caminho para facilitar a conquista de adeptos, pois o Rotary era pouco conhecido por essas bandas, nos idos de 1940. Além disso, uma das preocupações de Tota era saber se o Rotary era igual à Maçonaria. Por quê? Ele mesmo explica:
Tota Assis na qualidade de Presidente da Legião Brasileira de
Assistência, ao lado do Monsenhor Abdon Pereira
Naquele tempo, tudo que fosse novidade e tudo que se fizesse para fazer o bem ou combater o mal, teria que ter o beneplácito do Exmo. Sr. Bispo que, numa espécie de Inquisição atenuada, tudo sabia por intermédio de beatos e beatas. De antemão, Dom João da Mata Amaral sabia da chegada da embaixada a Cajazeiras e dos propósitos dela.”
E qual foi a reação do bispo? Negativa. Decisivamente negativa. Por mais que os rotariamos argumentassem, dom Mata disse que o “Rotary é uma espécie de Maçonaria Branca e que iria combatê-la do púlpito de sua Igreja.” Mesmo assim, o Rotary de Cajazeiras foi fundado, tendo Deodato Cartaxo como seu primeiro presidente e Tota Assis, secretário. Tudo muda com o passar do tempo. O ranço da Igreja esvaiu-se e o Rotary de Cajazeiras chegou a ser presidido por monsenhor Vicente Freitas... E Tota Assis abandonou o Rotary, engajando-se no Lyons. Mas isso é um episódio que não aparece em suas memórias.