por Francisco Frassales Cartaxo
Nasce em Cajazeiras uma nova cidade. Uma cidade de feição distinta da atual, alimentada por duas tendências que lhe darão novo e diferente aspecto. A primeira vertente é a verticalização urbana, já visível por todos. A outra se expressa na quantidade de loteamentos urbanos que se expandem na periferia da cidade e começam a abrigar casas isoladas e conjuntos habitacionais.
Os edifícios residenciais passam por mudança de padrão na medida em que ganham altura, exigem pilotis, elevadores, garagens suficientes para veículos e outras características ausentes dos prédios - caixão que prevaleciam até poucos anos atrás. Além disso, a instalação de ar-condicionado, internet e outros itens de conforto e modernidade selam a melhoria da qualidade das novas moradias em Cajazeiras. O crescimento vertical ainda se mostra tímido, mas tende a acelerar no futuro imediato, estimulado pela demanda insatisfeita e na esteira do sucesso dos empreendimentos pioneiros.
Ao lado da verticalização, a expansão rumo à periferia é espantosa. Nos últimos anos, surgiram vinte loteamentos. Antigas fazendas incorporam-se à paisagem urbana. Muitos loteamentos são sucesso de venda, alguns já exibem novas edificações de padrões variados de acordo com o nível de renda do proprietário, a localização, o objetivo do construtor e outros fatores guiados pelo mercado imobiliário e pela oferta de financiamento dos programas habitacionais, sobretudo, os da Caixa Econômica Federal. Na minha última estada em Cajazeiras, visitei alguns desses loteamentos e pude verificar, estarrecido, o nascimento de uma nova cidade à margem da BR 230, ao sul e leste. Junte-se a isso a continuidade do movimento de ocupação do solo urbano, iniciado nas imediações da Escola Técnica Federal, e hoje reforçado pelo anúncio de novos focos de atração de investimentos imobiliários residenciais e comerciais, a exemplo do previsto Fórum da Justiça.
Estive nos loteamentos na companhia do experiente engenheiro construtor Crispim Coelho que, segundo me disse, nem ele mesmo imaginara que o rumo do crescimento urbano de Cajazeiras alcançaria a direção e a velocidade atuais. Na verdade, em menos de 10 anos, a cidade corre para acompanhar as mudanças provocadas pela expansão do ensino superior. Expansão fantástica. Em 2002, havia em Cajazeiras apenas o campus da Federal, com seis cursos e cerca de 2.000 alunos. Dez anos depois, funcionam cinco Instituições de Ensino Superior, duas públicas (UFCG e IFPB) e três privadas (FSM, FAFIC e FESF), somando quase 30 cursos de graduação, incluídos dois de medicina, dois de enfermagem, dois de farmácia, dois de direito e um de engenharia. Há 6.000 alunos matriculados, excluídos os estudantes de cursos de pós-graduação de curta duração. Aí está um dos suportes da nova Cajazeiras.
Então vai tudo às mil maravilhas?
Que nada. Nem pensar. Infelizmente, esse crescimento ocorre ao arrepio de um mínimo de disciplina urbana capaz de oferecer, a seus habitantes no futuro, uma cidade decente, com qualidade de vida. E o pior, sob o olhar indiferente das autoridades do município e da própria sociedade, como abordarei em próximo artigo.