por Francisco
Frassales Cartaxo
A festa da vitória deu
uma confusão tre- menda em Caja- zeiras. Calma, gente, não foi este ano, faz muito
tempo. Na euforia da co- memoração da eleição de José Américo de Al- meida para
governador, em 1950, as putas se juntaram às moças da sociedade. O vigário, padre Américo Sérgio Maia, não gostou nada do
que soube, assumiu as dores e lavrou veemente protesto público.
Conto como foi. José
Américo, fundador da UDN em 1945, pouco tempo depois reor- ganizou na Paraíba o
Partido Libertador (PL), encarregando o amigo Veloso Borges de arregimentar correr- ligionários
para seu novo partido Juntou gente na Paraíba inteira. De Cajazeiras, entre muitos,
ingressaram na nova sigla Ivan Bichara So- breira, os irmãos Otacílio e João
Jurema, o prefeito Arsênio Araruna, Juca Bonifácio e outros admiradores
cajazeirenses. Então Zé Américo se uniu ao PSD de Rui Carneiro, formando a
Coligação Democrática Paraibana para enfrentar o que restou da UDN. E não era
pouco: Argemiro de Figueiredo, João Agripino, os Ribeiro Coutinho, os Sátyro e outros,
que se coligaram com o PR de Pereira Lira, o homem do cachimbo, amigo do
presidente Gaspar Dutra.
Em Cajazeiras, a turma do
PSD (Manuel Lacerda, Tota Assis, os irmãos Holanda, Acácio Braga, Eudes Cartaxo
e muito mais gente) criou alma nova, e saiu a empunhar a bandeira da Coligação
Democrática. Não deu outra. José Américo, pai dos pobres, salvador do Nordeste,
orador ferino, venceu o pleito abraçado a Rui Carneiro. O povo de Argemiro quedou-se
mais amarelo do que sua bandeira de campanha...
E a festa da vitória?
Aqui passo a palavra ao Correio do Sertão (ano 2, nº 16, novembro/1950),
mensário da diocese de Cajazeiras, que nessa época tinha como redator-chefe
padre Américo Sérgio Maia, primo e aliado de João Agripino, que assim se
expressou, sob o título “Repulsa”:
“Ponto negro constituiu o
baile popular da grande Festa da Vitória, em Cajazeiras, dia 5 deste mês. Em
nome da democracia, dele fizeram parte as infelizes mundanas da ponta da
rua!... A coisa foi tão revoltante que, apesar da vertigem do triunfo, as
senhoras de bem e as moças da sociedade imediatamente se colocaram à margem da
dança. Isso, porém, não basta. Deixando a salvo as considerações
político-partidárias, aqui está o Correio do Sertão, devidamente autorizado
pelo Sr. Bispo diocesano, para gritar bem alto um protesto, uma maldição contra
essa democracia que perdeu a noção da profilaxia social, que renegou a nobreza
de nossa vocação cristã para chafurdar na lama da imoralidade. Se democracia é
rebaixamento moral, de bom grado renunciaremos a ela. Se democracia é
cabaretização das famílias e da sociedade, que desapareça do Brasil cristão. Será
que os responsáveis por esse ultrajante acontecimento pensam que o governador
José Américo se julgará honrado com o afeto aviltante dessas pobres desviadas,
que são ao mesmo tempo as vítimas e as provocadoras da corrupção social? Será
que a presença das mundanas derrama luz e fulgor sobre a grande vitória do novo
governador?”
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