por Francisco Frassales Cartaxo
O cajazeirense João Guimarães Jurema teria
completado cem anos no dia 25 de outubro passado. Filho do juiz JoaquimVictor
Jurema e de Cecília Ferreira Guimarães, João Jurema estudou em Cajazeiras,
Fortaleza e Recife onde concluiu o curso de direito em 1935, justo num tempo de
muita efervescência política em Cajazeiras. Em 1935 houve a primeira eleição
direta e secreta para prefeito, sob o controle da recém-criada Justiça
Eleitoral, fruto do movimento revolucionário de 1930. Naquele pleito saiu
vencedor o coronel Joaquim Matos, derrotando o médico Vital Cartaxo Rolim,
filho do coronel Sabino Rolim, até então o mais poderoso e prestigiado chefe
político de Cajazeiras no século 20.
A mãe de João Jurema, dona Cecília, era filha do
português José Ferreira da Silva Guimarães, conhecido como Cazuza Guimarães
que, sob o mando da oligarquia de Álvaro Machado, foi vereador e vice-prefeito
ao lado do coronel Justino Bezerra. A Rua Coronel Guimarães lhe presta
homenagem, da mesma forma que a Rua Victor Jurema. O avô materno de João Jurema
era coronel político, o pai foi juiz. Pois bem, com tal ascendência e portando
diploma de curso superior, numa época em que formar-se era tremendo desafio, a
entrada do jovem advogado na vida pública foi inevitável. E mais, João Jurema
casou em 1945 com uma neta do coronel Matos, Ilina Matos, filha de Adalgisa
Matos e Aprígio Gomes de Sá.
Antes de eleger-se deputado estadual em 1947, porém,
João Jurema, exerceu a profissão de advogado, presidiu o Excelsior Club por
mais de um mandato e dirigiu o jornal Estado Novo, desde sua criação, em junho
de 1939, até transferir a direção a Cristiano Cartaxo, em 1942 ou 1943. João
Jurema concorreu à Assembleia Estadual Constituinte, em 19 de janeiro de 1947,
na legenda da UDN, sendo eleito com 2.551 votos. Oitavo lugar na Paraíba e o
primeiro em Cajazeiras, onde obteve mais de 1.600 votos, distante dos 904
sufrágios dados a Hildebrando Assis e dos 72 votos de Ivan Bichara Sobreira,
cuja base eleitoral era Guarabira, terra de sua esposa. Aquele trio
cajazeirense foi eleito na mesma eleição, fato raríssimo em nossa história
política!
João Jurema teve destacada atuação como parlamentar.
Vice-presidente da Assembleia, marcou presença na Comissão Constitucional como
um dos relatores responsáveis pela elaboração da Constituição do Estado. Foi,
todavia, seu único mandato eletivo. Com a vitória de José Américo de Almeida
para governador, em 1950, ele assumiu a Secretaria das Finanças e, em 1954, foi
nomeado Procurador da República, cargo que exerceu até sua aposentadoria em
1982. Nesse período foi também Procurador Eleitoral, prestando relevantes
serviços no Tribunal Eleitoral da Paraíba durante 28 anos. João Jurema abraçou
também o magistério, ensinando na Universidade disciplinas no campo das
ciências jurídicas.
Faleceu em 11 de maio de 1995, em João Pessoa,
deixando viúva Ilina Matos e os filhos Walber, Vânia, Walberto e Maria Vilma,
além de vários netos. No ano de seu centenário de nascimento, familiares e
amigos lhe prestam justa homenagem, como sucedeu em João Pessoa. A ela me
associo com esta singela crônica, tendo na memória a lembrança guardada da
infância: um cidadão, alto, sério, compenetrado, de andar macio e gestos
sóbrios.
Um homem do sertão de Cajazeiras. Bravo!
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