sexta-feira, 23 de agosto de 2013

150 anos de história, por Lena Guimarães

Por Lena Guimarães
Permitam-me deixar a política de lado, para homenagear a “cidade que ensinou a Paraíba a ler”, titulo conquistado por conta do trabalho de seu mais ilustre filho, o Padre Rolim, fundador de primeira escola dos sertões, cuja qualidade atraia alunos de todo o Nordeste. Minha Cajazeiras completa hoje 150 anos.
Sou da terra que tem orgulho da sua vocação para a educação. Nasci na rua Padre Rolim, 7, uma casa com paredes de mais de meio metro de largura, construída pelos descendentes da matriarca ‘Mãe Aninha’, para enfrentar qualquer tipo de agressor, e que resistiu aos cercos e as balas de Lampião.
Uma casa de muitas histórias, algumas de muita bravura, outras que expressavam o espírito generoso e altivo do sertanejo, que meu avô, Leonardo Rolim de Albuquerque contava com muito orgulho dos seus ancestrais. Um lar cristão, que hospedava anualmente Frei Damião durante suas célebres missões, para alegria de minha avó, Júlia, que ‘bebia’ seus ensinamentos. Um refúgio, em cuja ampla mesa sempre cabia mais um. E ninguém precisava de convite para sentar e compartilhar.
Fisicamente estou em João Pessoa, mas hoje a memória transporta-me a Cajazeiras do rio do Peixe, do açude grande, da barragem de Engenheiro Ávidos, do Cristo Redentor (tão significativo quanto o do Rio), da catedral imponente, da bela igreja de Nossa Senhora de Fátima. A cidade dos grandes carnavais, dos memoráveis festejos de São João, das quermesses e procissões que testemunham a importância da fé, do teatro Íracles Pires e da efervescência cultural.
Terra de fortes opiniões, formadora de grandes profissionais da comunicação, especialmente do rádio e da televisão, muitos dos quais mudaram para João Pessoa trazendo o estilo ágil e ousado para enriquecer seu jornalismo.
Cajazeiras que já governou a Paraíba com Ivan Bichara Sobreira e que elegeu o corajoso deputado João Bosco Braga Barreto, que enfrentou a ditadura militar e seus apoiadores com discursos contundentes, destemidos e verdadeiros, que estão nos anais da Assembleia.

No ciclo do algodão, Cajazeiras foi muito próspera, mas o bicudo destruiu tudo. A agricultura irrigada é um sonho, a educação projeta seu futuro, mas é o seu povo, indomável e criativo, sua grande riqueza. Os 150 de história provam isso. E dão um orgulho danado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário