Da
minha retina jamais esmaeceu a imagem do bom doutor, os seus indefectíveis óculos
Ray-Ban e claro, sua extraordinária paciência, com os meninos chorões que lhe
eram levados para consulta, esta não tem como esquecer.
Como
diz aquele comercial de hoje: NÃO TINHA PREÇO.
Voltando
a falar dos óculos, não sei dizer exatamente o que me evoca este detalhe. Deve
ser porque sempre o vi de óculos. Seja em seu consultório, na rua ou mesmo à
noite, quando por vezes ia à Praça João Pessoa na residência do Sr. Pedro Moura
e terminava passando na casa do vovô, que era vizinho, e sentava na calçada
para dois dedos de prosa.
Quando
eu ficava doente com crise de amígdalas, era certo uma visita lá na rua Barão
do Rio Branco em seu consultório ou melhor em sua residência, onde sempre
éramos, eu, minha mãe e papai, recepcionados por Dona Chiquinha.
Depois
de alguns cumprimentos, muito mais
pessoais que formais, éramos encaminhados ao consultório.
Lá
estava o bom doutor, com seu indefectível Ray-Ban, sorrindo e a nos olhar por
cima da armação dos óculos.
Sentava,
mandava que me aproximasse. Como já era velho conhecido, ia direto ao sintoma. Mandava abrir a boca,
falar: AHHHH.
Com
uma espátula baixava minha língua e rapidamente sentenciava:
-
Antibiótico injetável!
Aviava
a receita, passava a mão na cabeça do doente, agora também amedrontado e
explicava:
- A
dor da picada depende de 4 fatores: O CALIBRE DA AGULHA, A PROFUNDIDADE DA
APLICAÇÃO, DE QUEM APLICA E DO MEDO DO PACIENTE.
Sempre
procurava tranquilizar a molecada com esse monólogo acrescentando:
- É
só uma picadinha de mosquito!
Por Marcos Diniz
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