domingo, 12 de junho de 2016

A passagem e a prisão do cangaceiro "Moreno" em Cajazeiras, Cleudimar Ferreira

Moreno quando era integrante
do bando de Lampião
  Na história re-cente, Cajazeiras não foi, nem pa-receu ser uma daquelas muitas cidadezinhas, que nas primeiras dé-cadas do século XIX, no interior do Nordeste, teve o seu nome mar-cado como entre-posto para ações delituosas de gru-pos de cangaceiros. Fora a frustrada investida do seu ex-inquilino, o lugar-tenente de Lampião, Sabino Gomes de Gois, em 28 de setembro de 1926, interpelado bravamente pela força de sua população; o que restou para complementar a sua passagem por esse ciclo, se resume em apenas algumas isoladas emboscadas pelas suas cercanias. Muitas dessas, sem a consumação do ato. Outras, esporádicas, com sucesso; como foi a que produziu a morte do Coronel Manoel Gonçalves Dias, no Sítio Catolé dos Mangueiras.
Outra imagem de Moreno
    Ademais, somente rumores produzidos pela imaginação visio-nária do seu povo, que dormindo com o medo e a expectativa de ataques de bandos de cangaceiros, alimentava os boatos pela cidade, que visitante esse, visitante aque-le, estava ou esteve rondando pela sua zona rural, saqueando, causando prejuízos a donos de terras e fazendeiros. Se bem que o próprio Sabino, na sua condição de residente na cidade e antes de entrar no cangaço, tinha dúbia personalidade. Pelas ruas de Cajazeiras ele precia ser um cidadão comum, mas pelas terras e sítios que rodeavam a cidade naqueles idos de 20 e 30, ele se vestia de malfeitor e afrontava, extorquia e vivia no obscurantismo da lei, a desafiar a paciência das autoridades constituídas do município. Fora isso, o que restou para ser contado, a história ainda não revelou.
    Entretanto, como a pesquisa me parece ser um instrumento mais preciso para se chegar a história, há fatos na história social cajazeirense desse período, que talvez ainda não foram revelados. Se foram, também não foram bem esclarecidos e que precisam serem investigados com mais profundidades pelos nossos historiadores. Um desses, foi a passagem pela cidade de Antônio Ignácio da Silva, de alcunha por “Moreno”, que se tornaria mais tarde um dos mais violentos cangaceiros do bando de Lampião.

    Natural de Ta-caratu/PE, onde nasceu em 01 de novembro de 1909, Moreno, chegou à Cajazeiras, após ter fu-gido às pressas de Bre-jo do Santo/CE, onde havia se envolvido em confusão e ter come-tido várias mortes.
    Saindo daquela cida-de cearense, ele aca-bou desembarcando em Missão Velha/CE, onde pretendia realizar um sonho antigo que era seguir a carreira de policial. Como isso não foi possível ser realizado, pois ainda era menor de idade, ele deixou Missão Velha, e partiu sem rumo e sem direção, entrou no Estado Paraíba, chegando até Cajazeiras.
Logo à direita da foto: Antiga cadeia de Cajazeiras, onde talvez Moreno ficou preso 
    Moreno passou a ser visto e tratado pelos seus habitantes, como um estranho, pois não se sabia de onde via, para onde o mesmo ia; se estava de passagem ou se veio para ficar; se morava, se tinha algum parente morando na cidade. Essas dúvidas, fez as autoridades da terra do Padre Rolim, desconfiar de suas intenções e do seu real caráter. Por essas razões, acabou sendo preso para averiguações e por ter sido confundido pela polícia com outro temido cangaceiro – o “Volta Seca”, pertencente na época ao bando de Lampião.
Cangaceiro "Volta Seca"
    Preso e encarcerado na cadeia pública da ci-dade, começam as in-terrogações e a con-clusão final da polícia é que o forasteiro Moreno, por mais esquisito que fosse, não pertencia ao cangaço e nem era o cangaceiro “Volta Seca”. Após a constatação do equívoco, dias depois ele foi liberado. Saindo de Cajazeiras sem saber para onde ia, Moreno ondou cerca de trinta e seis quilômetros, até encontrar uma fazenda onde pediu guarida; conseguindo em seguida um emprego para trabalhar de serviços gerais. Ou seja, no roçado.
Quando tudo parecia correr bem, um fato inesperado envolvendo Moreno aconteceu nessa fazenda, fazendo com que ele, por circunstâncias da confusão que foi gerada, colocasse um pé dentro do Cangaço. É que após um desentendimento com um casal de trabalhadores da referida fazenda; motivado por um “fuxico” que envolveu uma sobrinha do seu patrão, Moreno comete um crime, gravando uma faca no peito do seu desafeto, que morre de imediato no local. Moreno, acoado, foge para o Estado de Pernambuco e de lá para Sergipe, onde anos depois acabou entrando definitivamente no cangaço – no Bando chefiado por Virgulino Ferreira da Silva - Lampião.
Fonte: Blog Cajazeiras de amor


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