A primeira vez que me deparei com a morte em setembro de 1963, dez anos incompletos.
Aproveitando um longo feriado, domingo dia 6 (domingo) e dia 7 (segunda) dia da independência do Brasil, fui com meus pais e irmãs se encontrar com os primos no sítio Arara do meu avô, não havia programa melhor do que aquele para mim. Ficar solto, correndo pelas moitas, subindo a serra, matando passarinhos, tomar banho no belo açude, tudo que era possível a uma criança da época.
Nesta algazarra se viu um carro riscar, coisa não muito comum naqueles idos, no horizonte da entrada do sítio. Alguma novidade, com certeza! A meninada corria pra ver o que era. Desceram uns senhores sisudos, sem muita conversa, e foram diretos falar com papai, na época prefeito eleito da cidade, próximo à sua posse.
Não entendemos nada já que a conversa foi a portas fechadas, logo vi papai e mamãe com os olhos marejados de lágrimas e ar de que o mundo tivesse acabado.
Foi um Deus nos acuda direto para Cajazeiras, ou melhor, para o Hospital Regional de Cajazeiras. Ficamos no carro com a Dazima a nos vigiar. Voltaram chorando. Ao chegarmos à nossa casa, à Rua Padre Rolim nos fundos da prefeitura municipal já era grande a multidão e o chororó mais ainda.
Não entendi toda a extensão de que acontecia ao redor, nunca tinha me deparado com situação igual. Morte era uma coisa muito vaga para mim.
O ambiente era lúgubre. Tio Matias era o caçula dos irmãos de papai. Ele morreu exatamente no primeiro final de semana depois em que tinha sido anunciado o resultado da eleição de prefeito municipal com a vitória de papai. Tio Matias tinha ido, pela manhã, ao distrito sousense de São Gonçalo com a família na sua recém-comprada Rural Willys, em outro carro ia também com a família, o irmão Micena, na volta numa curva o carro capotou ceifando a sua vida e de duas moças que os acompanhava. Não se conhece ou enterro igual em Cajazeiras.
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