por Francisco Frassales Cartaxo, publicado hoje no jornal Gazeta do Alto Piranhas
Francisco Matias Rolim foi figura importante em Cajazeiras. Nascido em Olho d’Água do Melão, ali perto da divisa do Ceará com a Paraíba, Chico Rolim afirmou-se, rapidamente, no comércio de tecidos, na sociedade e na política. Vereador, presidente da câmara municipal e prefeito duas vezes, eleito em 1963 e 1976, foi beneficiado por duas prorrogações de mandatos, no tempo da ditadura, governando o município por 11 anos.
Antes do sucesso na política, Chico Rolim já era festejado no
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No centro da foto, Dr. Hilbebrando Assis e Margarida
Vasconcelos, então Miss Paraíba (1956), sendo
recepcionada no Cajazeiras Tênis Club |
meio social, graças a seu jeito de lidar com as pessoas, sua animação nos badalados clubes daquela época: o 8 de Maio e o Primeiro de Maio. Por isso, teve participação ativa na criação do Cajazeiras Tênis Clube, o ponto da elite cajazeirense daquele tempo. Aliás, pretensiosa elite, a começar pelo nome dado ao clube, sem que houvesse sequer raquete de tênis, muito menos quadra para a prática do esporte... Até aí, tudo bem. Pior foi o Tênis Clube nascer violando a história. Mais tarde, muito depois, Chico confessou seu erro, como está registrado na página 97 do livro “Miolo do Sertão - A história de Chico Rolim contada a Sebastião Moreira Duarte”:
“Pois bem, devo ter sido a segunda pessoa mais in- fluente em Caja- zeiras, no propó- sito de botar abai- xo a casa de Mãe Aninha, para ali se construir o Caja- zeiras Tênis Clube. O meu amigo dr. Hildebrando Assis, presidente do 8 de Maio, tratou, an- tes de tudo, de convencer seu vice-presidente de que deveríamos mudar não só o nome de nossa associação, mas também o local, e em toda a cidade nenhum espaço seria mais privilegiado para o clube mais requintado de Cajazeiras do que aquela área entre os dois baldes do açude.”
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A casa de taipa que depunha contra a grandeza do Padre Rolim |
E assim fize- ram. Prevaleceu a vontade dos de- fensores do “pro- gresso” contra os que se apegavam à “tradição”, co- mo se propagou então, inventan- do-se a falsa polêmica do “a- vanço” versus o “atraso”. A casa era marco da fazenda Cajazei- ras, pertencente aos fundadores da cidade. Para destruí-la, havia outra razão, guardada a sete chaves. Parte da elite “progressista” envergonhava-se da antiga morada do padre Inácio de Sousa Rolim. Por quê? Porque a casa era de taipa. Portanto, indigna para servir ao grande educador do sertão, o padre-mestre, o santo. A casinha depunha contra a grandeza do padre Rolim, diziam. Não invento. Apenas recordo. Menino, quase rapaz ouvi semelhante asneira, dita no alpendre do casarão onde nasci. E lembro quem usava esse argumento, sob o olhar triste de meu pai, Cristiano Cartaxo, inconformado com a derrubada da centenária casa de Mãe Aninha. Onde, aliás, um século depois, residiu o avô de Chico Rolim. Chico está aí, lúcido, para confirmar.
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Ironia do destino: no Cajazeiras Tênis Clube, o ex-prefeito Léo
Abreu reúne beneficiados do Bolsa Família |
Valeu a pena? Com menos de 50 anos de inaugu- rado, o Tênis Clu- be já se tornara um trambolho. Por um triz não virou sucata imo- biliária, até que, graças ao denodo de Rubismar Gal- vão e outros ab- negados, resolve- ram salvá-lo em nome da tradição. Que ironia! Tradição desdenhada nos anos de 1950, quando se pôs abaixo um patrimônio histórico de Cajazeiras. Tão importante quanto o acervo imaterial legado por Deusdetit Leitão à UFCG. Acervo que precisa sair das caixas onde se encontra. Do contrário terá o mesmo destino do Museu da Diocese.
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